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Política & Poder

PSDB desaba nas grandes cidades quatro anos após liderar eleição de prefeitos

Donos, ao lado do MDB, do maior contingente de prefeitos eleitos em 2020 —com 17 vitórias cada um—, os tucanos elegeram dois prefeitos em primeiro turno nas 103 maiores cidades brasileiras, aquelas que têm mais de 200 mil eleitores —Santo André (SP) e Caruaru (PE)

Redação Jornal de Brasília

07/10/2024 7h16

Foto: Agência Brasil

RANIER BRAGON E DANIELLE BRANT
GOIÂNIA, GO E BRASILIA, DF (FOLHAPRESS)

Um dos principais partidos do país desde a redemocratização, o PSDB assistiu nas eleições deste domingo (6) a mais um capítulo da derrocada que vem enfrentando nos últimos anos.

Donos, ao lado do MDB, do maior contingente de prefeitos eleitos em 2020 —com 17 vitórias cada um—, os tucanos elegeram dois prefeitos em primeiro turno nas 103 maiores cidades brasileiras, aquelas que têm mais de 200 mil eleitores —Santo André (SP) e Caruaru (PE).

Apenas cinco integrantes da sigla vão disputar o segundo turno —dois em cidades do Rio Grande do Sul, do governador Eduardo Leite (PSDB), e um em município de Pernambuco, da governadora Raquel Lyra (PSDB). Os outros dois são de Ponta Grossa (PR) e Piracicaba (SP).

O partido já vinha definhando municipalmente mesmo antes da eleição. Das 17 grandes prefeituras que conquistou há quatro anos, só manteve dez até hoje.

O maior símbolo do fiasco na atual eleição está em São Paulo, cidade em que o PSDB venceu nas duas últimas eleições, com João Doria em 2016, no primeiro turno, e Bruno Covas em 2020.

Neste ano, o deputado federal Aécio Neves (MG) e o presidente da legenda, Marconi Perillo, que são alguns dos poucos líderes históricos que restam no partido, patrocinaram a filiação e a candidatura de José Luiz Datena, que antes havia se filiado ao PSB, com a perspectiva de ser vice na chapa de Tabata Amaral.

Completando uma dezena de partidos em menos de dez anos, Datena havia antes ensaiado por quatro vezes se candidatar a um cargo eletivo, sempre desistindo na última hora.

Desta vez foi até o final, mas amargou a quinta colocação na disputa, com 112.344 dos votos, o equivalente a 1,84% do total. O próprio ex-apresentador qualificou seu desempenho como “péssimo” e “horrível”.

É a primeira vez desde 2008 que o PSDB estará fora do segundo turno em São Paulo —excluindo 2016, em que a disputa foi vencida pelos tucanos ainda no primeiro turno.

Na Câmara de Vereadores, a situação é parecida. Em 2020, o PSDB elegeu oito vereadores. A disputa municipal deste ano, no entanto, deixou o partido sem nenhum representante na Câmara de São Paulo —o tucano com mais voto foi Mario Covas Neto, com 5.825.. Os vereadores debandaram após a decisão da Executiva municipal de negar apoio à reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB) e apostar em um nome próprio, que acabou sendo Datena.

No sábado (5), um dia antes da eleição, Perillo afirmou à Folha que o trabalho atual é de tentar um recomeço. “A gente pegou o partido numa situação muito difícil, com os piores fundos eleitorais e uma bancada reduzida. Eu dei uma volta no país, consegui lançar mais de 700 candidatos a prefeito”, disse, afirmando que o lado positivo é de que quem ficou no partido se candidatou com entusiasmo.

Ao ser questionado sobre São Paulo, Perillo elogiou Datena apesar do resultado ruim nas pesquisas. “O PSDB estava liquidado antes do Datena. Não ia ter nem chapa de vereadores”, disse.

O principal vencedor do primeiro turno, nos 103 grandes municípios, que incluem as 26 capitais, é o PL de Jair Bolsonaro.

O PSDB já havia tido em 2022 o pior resultado de sua história, tendo saído das urnas descendo formalmente um degrau e saindo do grupo dos grandes partidos, o G7 da política brasileira, que reúne PL, PT, PSD, União Brasil, PP, MDB e Republicanos. Hoje o PSDB está entre os médios e, agora, amplia um pouco mais a queda.

O PSDB governou o Brasil de 1995 a 2002, com Fernando Henrique Cardoso, teve papel de destaque no Congresso, tendo eleito a segunda maior bancada de deputados federais em 1998, e comandou São Paulo por quase três décadas.

Em 2022, porém, não lançou pela primeira vez na sua história um candidato à Presidência da República, após o pífio resultado quatro anos antes, quando Geraldo Alckmin, ainda no PSDB, ficou em quarto lugar na disputa. O partido se uniu a MDB e Cidadania para lançar um candidato único da chamada terceira via, que acabou sendo a emedebista Simone Tebet, hoje ministra do Planejamento de Lula.

Os tucanos se uniram em federação ao Cidadania e têm hoje tamanho pequeno no Congresso —apenas 17 das 513 cadeiras na Câmara e 1 das 81 no Senado. A sigla mantinha-se entre os grandes apenas quando se tratava de governadores —três— e prefeitos eleitos em 2020.

Essa última parte se esvai, pelo menos nas maiores cidades do país, que reúnem quase 40% do eleitorado.

Nos últimos anos, políticos que deixaram o partido e que permanecem têm apontado uma série de fatores que teriam contribuído para a derrocada. O principal deles é a ascensão do bolsonarismo, estimulada no início pelo próprio PSDB, que tomou boa parte do eleitorado da sigla. Os rachas internos que levaram à saída de políticos também impactaram a sigla.

As disputas internas ficaram evidenciadas nas eleições de 2022, com a decisão de engrossar a terceira via. Um grupo encabeçado pelo ex-governador de São Paulo João Doria insistia em que o PSDB deveria ter um nome próprio. Atual governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite também sinalizou interesse em disputar a vaga, mas preferiu buscar a reeleição no estado. Doria desistiu de concorrer em maio de 2022.

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