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Política & Poder

Promotoria pede que vereador de Caxias do Sul pague indenização por xenofobia

O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) acionou a Justiça para que o vereador Sandro Fantinel (Patriota) pague uma indenização de R$ 300 mil

Redação Jornal de Brasília

06/03/2023 19h31

Foto: Reprodução

O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) acionou a Justiça para que o vereador Sandro Fantinel (Patriota) pague uma indenização de R$ 300 mil por danos morais coletivos em razão de declaração xenofóbica sobre baianos proferida na Câmara de Caxias do Sul no último dia 28.

A Promotoria e a Polícia Civil também investigam o parlamentar, na esfera criminal, por causa da ‘sugestão’ para que empresários do setor agrícola não contratem pessoas da Bahia, ‘povo que vive na praia tocando o tambor’, ‘acostumado com carnaval e festa’.

Na ação protocolada nesta segunda-feira, 6, a promotora de Justiça Adriana Karina Diesel Chesani argumenta que Fantinel ‘ofendeu a dignidade e o decoro’ dos nordestinos, ‘com mais contundência’, aqueles nascidos na Bahia. Além disso, o vereador ‘incitou a população à prática de discriminação, preconceito e discurso de ódio’, narra a autora da ação.

“As falas do demandado, amplamente divulgadas por diversos meios de comunicação e viralizadas nas redes sociais dada a gravidade de seu conteúdo, demonstram, além de ignorância, aversão ao povo nordestino […]. Tal conduta demonstra falta de respeito, conhecimento, e intolerância do requerido com brasileiros de diferentes culturas e origem diversas das suas”, sustentou a promotora.

Segundo o MP, o valor requerido como indenização leva em consideração ‘a gravidade do fato, a extensão do dano, a intensionalidade e a reprovabilidade extremas da conduta’. O valor deverá ser destinado ao Fundo para Reconstituição dos Bens Lesados (FRBL).

O órgão destaca que ‘a incitação do preconceito e da discriminação’ promovida no caso se deu ‘no âmbito do debate público de grande alcance e relevância, eis que relacionado a situação extremamente grave de violação de direitos humanos’ e em discurso proferido em sessão pública.

A Promotoria quer coibir ‘novos comportamentos semelhantes’ que possam vir a ser reproduzidos não apenas pelo próprio vereador, ‘como pelos demais sujeitos que venham a se sentir encorajados pela ausência de consequências de maior gravidade’.

A declaração que motivou o pedido de indenização ocorreu durante sessão da câmara da cidade gaúcha em referência ao resgate de mais de 200 pessoas – muitas da Bahia – que foram submetidas a situação análoga à escravidão em vinícolas de Bento Gonçalves.

“Gente, só vou dar um conselho: agricultores, produtores, empresas agrícolas que estão me acompanhando não contratem mais aquela gente lá de cima (estado da Bahia, no Nordeste), disse Sandro Fantinel.

“Com os ‘baiano’, que a única cultura que eles têm é viver na praia tocando o tambor, era normal que tivesse esse tipo de problema (de trabalho análogo à escravidão)” afirmou.

“Que isso sirva de lição. Deixem aquele povo, que é acostumado com carnaval e festa, para vocês não se incomodarem novamente”, completou.

Estadão Conteúdo

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