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Política & Poder

Presidente da OAB-RJ relata ameaças e deve pedir apoio a secretário de segurança

Segundo Ana Tereza, os responsáveis por controlar o drone estavam em um carro Porsche que ficou estacionado perto da sua casa

Redação Jornal de Brasília

28/07/2025 17h46

oab rj

Foto: OAB-RJ

YURI EIRAS
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)

A presidente da seccional do Rio de Janeiro da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Ana Tereza Basilio, tem reunião nesta terça-feira (29) com o secretário de Segurança Pública do estado, Victor dos Santos, para pedir investigação sobre um drone que sobrevoou sua casa na Urca, zona sul, no último dia 20.

Segundo Ana Tereza, os responsáveis por controlar o drone estavam em um carro Porsche que ficou estacionado perto da sua casa. Ela conseguiu anotar a placa do veículo e deve passar a informação à secretaria. O carro está em nome de uma empresa.

O episódio ocorreu duas semanas depois de a sede da OAB-RJ, no centro do Rio, ter sido fechada por causa de uma ameaça de atentado a bomba. A Polícia Federal descobriu a ameaça no dia 3 de julho e avisou Ana Tereza, que estava em Portugal e ordenou o fechamento do prédio. A varredura feita pelas polícias Federal, Civil e Militar nada encontrou.

A suspeita da PF é de que a ameaça teria relação com a cerimônia de posse da Comissão de Combate à Violência Racial da entidade, que aconteceria no dia 3. O evento será remarcado.

Ana Tereza vai pedir ao secretário que a segurança pública estadual esteja mais próxima da entidade. Desde esse episódio, mais seguranças foram contratados e a entrada do prédio deve ganhar portas de metal.

A presidente não faz associação direta entre os episódios do drone e da ameaça de bomba, mas avalia que a atuação da entidade, ao longo da história, gera incômodos.

“O que tem em comum é o fato de a OAB defender bandeiras que incomodam radicais”, afirma ela.

“Acompanhamos temas raciais, LGBTQIAP+, atuamos forte na questão de prerrogativa e direitos humanos. Esse fatores contribuem para que a OAB-RJ seja foco desse tipo de atividade criminosa. Além disso, como sou a primeira mulher, isso pode passar a imagem de que seria, em tese, possível me amedrontar.”

Na segunda eleição para seccionais da OAB após a implementação da regra de paridade de gênero, no ano passado, mulheres se tornaram 22% dos presidentes estaduais e 82% dos vices.

A gestão de Ana Tereza, que assumiu em janeiro, enfrentou crise interna no primeiro semestre após demitir mais de 120 funcionários no primeiro mês de mandato, sob justificativa de correção de distorções salariais.

Em abril, a OAB registrou na Polícia Civil a ocorrência de um homem que foi à sede pedir, de maneira agressiva, para conversar com Ana Tereza. O homem, segundo ela, tinha fala desencontrada e apresentava desorientação.

A sede da seccional fluminense da OAB fica próxima ao aeroporto Santos Dumont, em avenida onde também estão as sedes do Ministério Público estadual e da Defensoria Pública.

O prédio tem histórico de ameaças e ataques, o mais relevante em 1980, quando uma carta-bomba explodiu no local, que na época era sede do conselho federal da OAB. A bomba matou a secretária Lyda Monteiro da Silva e a ação foi atribuída a grupos de radicais de direita.

Em 2015, a CEV (Comissão Estadual da Verdade) do Rio apontou que os responsáveis pela bomba foram um coronel e dois sargentos, militares do CIE (Centro de Informações do Exército). O líder do grupo teria sido o coronel Fred Perdigão. Um dos militares apontados, Guilherme Pereira do Rosário, morreu no ano seguinte, em 1981, na explosão de uma bomba que ele colocaria no Riocentro.

Em 2013, um artefato explosivo foi acionado e o prédio foi esvaziado. Em 2023, um advogado, insatisfeito por processo disciplinar interno, segundo investigação, deixou três cartas com ameaças de falsas bombas na sede.

“Embora seja uma seccional, os ataques e ameaças são sempre à OAB do Rio talvez porque a cidade seja objeto de atenção da imprensa nacional e internacional e sedie muitos eventos”, afirma Ana Tereza.
“Infelizmente, como são frequentes as ameaças à Ordem, ninguém parou de trabalhar ou mudou a rotina de trabalho.”

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