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Política & Poder

Polarização e poucas propostas marcam debate da eleição presidencial

Os candidatos se enfrentaram neste último domingo, 28 de agosto em debate organizado em pool pela Folha, UOL e TVs Bandeirantes e Cultura

Redação Jornal de Brasília

29/08/2022 5h13

Fotos: AFP

Por Amanda Karolyne
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Faltando 35 dias para o primeiro turno, em primeiro confronto direto dos presidenciáveis, a polarização entre os candidatos, Jair Bolsonaro (PL) e Luis Inácio Lula da Silva (PT) deram o tom no debate da Band. O presidente Jair Bolsonaro, questionou o ex-presidente Lula, a respeito da corrupção em seu governo. “O povo nordestino sofreu com falta d’água, por conta da corrupção do seu governo”. Bolsonaro perguntou se Lula quer voltar à presidência para voltar com a corrupção na Petrobras. Lula o acusou de inventar números e dizer inverdades na televisão para agradar os bolsonaristas.

Em resposta às acusações de Jair, o petista acredita que o governo dele foi marcado pela maior geração de emprego, maior investimento nas pequenas e microempresas. “Meu governo deveria ser reconhecido exatamente por isso. Eu deixei a presidência, a gente tinha 8 milhões de estudantes na universidade. O menor desmatamento na Amazônia foi feito no meu governo. Foi meu governo que deu cidadania ao Brasil nas suas relações internacionais”, salientou. Lula cita que na época em que foi presidente, o país estava crescendo a 7,5%. “Esse país é um país que o presidente está destruindo. Um país que o povo sente saudade”.

Os candidatos se enfrentaram no primeiro debate dos presidenciáveis, realizado neste último domingo, 28 de agosto e foi organizado em pool por Folha, UOL e TVs Bandeirantes e Cultura. Segundo a última pesquisa do DataFolha, Lula está à frente nas intenções de voto, com 47%. Já Bolsonaro está com 32% de intenções de votos. Os outros candidatos, Ciro Gomes (PDT), Soraya Thronicke (União Brasil), Simone Tebet (MDB) e Felipe D’ávila (Partido Novo) também participaram do encontro.

Com a participação do candidato Ciro Gomes (PDT), acusou Bolsonaro de ignorar a fome que assola o país. “Qualquer pessoa sabe que a fome está no lar de muitos brasileirsos”. Ciro apontou que 125 milhões de brasileiros estão passando fome e não têm as três refeições básicas, e que o atual presidente desconhece esses números. Já Bolsonaro, apontou o “fica em casa, e a economia a gente ve depois”, como justificativa para a fome nos lares brasileiros. Ele afirmou que no mundo, a quantidade de famílias com fome cresceu, e no Brasil a mesma diminuiu. Para Jair, foi o governo dele que diminuiu a fome, contra o voto do PT. “O meu governo atendeu os mais necessitados. Quem por ventura estiver abaixo da linha da pobreza, é só se cadastrar no Auxilio Brasil. Um governo que dá atenção aos pobres. Muito mais que o PT”.

Em confronto, Soraya Thronicke (União Brasil) e Simone Tebet (MDB), debateram em relação ao que pode ser feito para diminuir as filas no Sistema Único de Saúde. “Nos acabamos de sair de uma pandemia, se é que saímos dela. A pandemia poderia ter sido melhor gerida, se o presidente fosse mais sensível à dor alheia”, disse Simone. A candidata do MDB fez muitas críticas ao governo de Bolsonaro durante o debate, ela lembrou de sua participação na CPI da Covid-19. Ela destacou a importância da harmonia dos poderes, e acusou Bolsonaro de ameaçar a democracia e de não respeitar a imprensa livre. Soraya também aproveitou para acusar Bolsonaro de usar a TV pública brasileira, EBC, para fazer propaganda.

Luiz Felipe D’ávila (Partido Novo) também estava no confronto, e Lula o questionou sobre a questão climática do Brasil, que rompeu o acordo com a Alemanha e a Noruega, e a falta de cuidado ambiental. Felipe então afirmou que vai criar o emprego verde. “O meio ambiente é a maior oportunidade que o Brasil tem para recuperar o desenvolvimento economico”. Para ele, o agronegócio brasileiro é o mais sustentável do mundo. Ele quer transformar o Brasil no primeiro país carbono zero do mundo.

Durante o confronto dos candidatos que estão a frente na disputa, Bolsonaro apontou que o PT votou contra o Auxilio Brasil de R$600 reais, e acusou Lula de mentir a respeito dessa questão. Bolsonaro também questionou porque o PT não aumentou o Bolsa Familia. “O PT votou favorável a R$600 reais, porque o povo merece ter acesso a esse dinheiro”, replicou Lula.

Ciro atacou Bolsonaro, citando propinas da vacina e do baixo nível de agressividade do atual mandatário do país. Num dado momento, Jair Bolsonaro perdeu o controle, e acabou xingando a jornalista Vera Magalhães de ser uma vergonha para o jornalismo brasileiro. “Não estou atacando mulheres”, disse Jair, após se exaltar.

A candidata Simone Tebet foi questionada em relação ao feminismo e a seu slogan de campanha: Mulher vota em mulher. “Nós precisamos de uma mulher para arrumar a casa, consertar o país”, salientou. Ela acrescentou que 1 em cada 3 mulheres no Brasil já sofreu, ou vai sofrer violência doméstica.

Em um confronto direto com Bolsonaro, Simone cita atos misóginos de Jair, como a defesa a um assassino de mulheres (se referindo a Talvane Albuquerque). “Candidato Bolsonaro, por quê tanta raiva das mulheres?”. Bolsonaro fala que Simone não tem prova nenhuma contra ele, e que ele faz muito pelas mulheres. “Vem com discurso barato e não cola mais. Chega de vitimismo. Somos todos iguais. Sanciono mais de 60 leis em defesa das mulheres. Eu defendo a família, eu sou contra a legalização das drogas, eu defendo as mulheres, quando eu defendo a arma, é para dar chance pras mulheres se defender”, argumenta Jair. Segundo ele, das 20 milhões de pessoas que recebem o Auxílio Brasil, 15 milhões são mulheres. Mas Simone rebateu, dizendo que Bolsonaro fabrica fake news, e que lugar de presidência, é lugar de exemplo. “Não podemos ter um presidente que mente e divide as famílias”.

Lula aproveitou para debater com Simone, sobre a pandemia e a participação dela na CPI da vacina, e se houve ou não negligência em relação às vacinas. E Simone afirmou que ocorreu sim corrupção na compra das vacinas. “A corrupção não começou nesse governo. E a corrupção mata”. Lula perguntou para a candidata se ela concorda ou não com o sigilo de 100 anos.

Ele afirmou que em seu governo era uma abertura total e transparência total, e lembra do portal da transparência. “Hoje qualquer coisinha é sigilo de 100 anos. O cartão corporativo é sigilo de 100 anos”. Simone acredita que quem quer sigilo deve algo ao Brasil.. Mas ela apontou os erros do governo do Lula, como o ‘petrolão’. E volta a criticar o governo atual de Bolsonaro, falando do orçamento secreto. Com direito de resposta, Bolsonaro perguntou: cadê a corrupção? Cadê o contrato assinado?”.

Em considerações finais, Ciro pediu ao público uma oportunidade. “A quarta vez que sou candidato e minha paixão não se abateu. O amor da minha vida é o Brasil”. Lula se solidarizou com Simone e Vera, em suas considerações finais. “Eu sei o que fiz, sei o que vou fazer. E não entro no campo da promessa facil”, disse. Ele citou também o governo da ex-presidente Dilma, e afirmou que ela sofreu um golpe.

Bolsonaro falou sobre Deus, pátria, família e liberdade. Pedindo desculpa aos outros candidatos, falou que a eleição está polarizada. Para ele, Lula apoiou os governos da Argentina, Venezuela, e Chile. Lula declarou que Bolsonaro o chamou de ex-presidiário mais de uma vez durante o debate, e que ele foi preso para que Jair pudesse se eleger a presidente da República.

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