JULIA CHAIB
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)
A Polícia Federal ouviu nesta terça-feira (10) uma mulher que afirma ter sido vítima de assédio sexual do ex-ministro dos Direitos Humanos Silvio Almeida.
O depoimento da suposta vítima foi prestado no âmbito de apuração preliminar aberta pela PF após acusações contra ele virem à tona. A investigação será enviada nesta quarta-feira (11) ao STF (Supremo Tribunal Federal) para que a corte decida se tem competência para julgar o caso.
Investigadores resolveram remeter o caso ao Supremo antes de abrir o inquérito para evitar questionamentos à investigação e tentativas de anulá-la no futuro.
Silvio Almeida foi demitido na sexta-feira (6) após acusações de assédio sexual. A organização Me Too Brasil informou que recebeu relatos e prestou auxílio às denunciantes.
Como revelou o site Metrópoles, uma das vítimas seria a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. Não foi ela, porém, quem prestou depoimento aos investigadores, segundo relatos.
A PF questionou a ONG Me Too sobre os relatos, mas ainda não obteve respostas.
Após o episódio vir à tona, o presidente Lula (PT) determinou que outros auxiliares ouvissem Anielle, que confirmou ter sofrido assédio do ex-ministro.
Lula mandou o ex-ministro prestar esclarecimentos à CGU (Controladoria-Geral da União) e à AGU (Advocacia-Geral da União). Silvio negou ter cometido o crime, mas sua permanência à frente da pasta de Direitos Humanos foi considerada insustentável pelo presidente.
O ex-ministro divulgou posicionamentos em que negou ter cometido assédio sexual.
“Repudio com absoluta veemência as mentiras que estão sendo assacadas contra mim. Repudio tais acusações com a força do amor e do respeito que tenho pela minha esposa e pela minha amada filha de 1 ano de idade, em meio à luta que travo, diariamente, em favor dos direitos humanos e da cidadania neste país”, afirmou.
“Toda e qualquer denúncia deve ter materialidade. Entretanto, o que percebo são ilações absurdas com o único intuito de me prejudicar, apagar nossas lutas e histórias, e bloquear o nosso futuro”, disse.
Como mostrou a Folha, Lula e a primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, souberam da acusação de assédio à ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, pelo menos sete dias antes de ela ser publicada pelo Metrópoles. O caso não foi adiante, dizem pessoas próximas da ministra, porque ela não quis formalizar a denúncia. Anielle dizia que preferia enterrar o caso e preferir que ele nunca tivesse ocorrido.
Depois da demissão de Silvio, ela afirmou nas redes sociais que “tentativas de culpabilizar, desqualificar, constranger, ou pressionar vítimas a falar em momentos de dor e vulnerabilidade também não cabem, pois só alimentam o ciclo de violência”.