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Política & Poder

Padilha toma posse na articulação de Lula e diz que época de ‘metralhada contra oposição’ acabou

Futuro ministro das Relações Institucionais também falou sobre participação de PV, Solidariedade e Avante no governo Lula 3

FolhaPress

02/01/2023 15h59

Foto: Evaristo Sá/AFP

CAROLINA LINHARES E JULIA CHAIB

O deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP), 51, tomou posse, nesta segunda-feira (2), na Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República. O petista passa a se dedicar à relação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com parlamentares, partidos, governadores, prefeitos, além dos demais Poderes.

Padilha afirmou que sua pasta terá quatro missões: defesa da democracia, diálogo, reabilitar o respeito institucional e cuidar do povo. Ele defendeu ainda a responsabilidade fiscal.

O ministro disse que irá recriar o conselhão político de Lula, que terá o nome de Conselho do Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável.

O agora ministro das Relações Institucionais Alexandre Padilha (PT) e o presidente Lula (PT), durante evento da transição, em dezembro Ueslei Marcelino – 22.dez.22/Reuters ** Seu discurso teve uma série de críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a quem se referiu como “presidente que fugiu”. Não havia representantes do governo Bolsonaro para transmitir o cargo a Padilha –o ato foi realizado de maneira simbólica.

“Não existe alguém aqui que vai falar de metralhada contra a oposição. Essa época acabou. Nós queremos diálogo com partidos que compõem a base de governo e teremos diálogo e respeito com partidos que estão na oposição”, disse. Segundo Padilha, o governo vai interagir com a oposição com “civilidade e democracia”.

“Nesse ministério está proibido agredir ou insultar qualquer agente político. Está proibido desrespeitar ou discriminar qualquer pessoa pela situação socioeconômica”, completou, mencionando ainda que racismo, homofobia e misoginia também estão proibidos.

Padilha afirmou que sua pasta terá a missão de “reabilitar o respeito institucional do país que foi desmontado” por Bolsonaro e disse ainda que, no Palácio do Planalto, funcionava uma “máquina de fabricar guerras e conflitos todos os dias”.

Ao fim do discurso, o petista falou sobre economia. “Um país que não tem responsabilidade fiscal é um país entregue para a insegurança econômica. Não queremos nem barbárie, nem insegurança econômica.”

O ministro agradeceu ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), aliado de Bolsonaro, de quem disse ter recebido uma ligação. Ele disse que terá “relação republicana com qualquer governador, independentemente de seu partido”.

A cerimônia foi acompanhada pelos ex-presidentes Dilma Rousseff (PT) e José Sarney, pelo líder do governo Lula no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), pelo líder do governo Lula na Câmara, José Guimarães (PT-CE), e pelo líder do governo Lula no Congresso, Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

Compareceram ainda os presidentes dos partidos Gleisi Hoffmann (PT), Baleia Rossi (MDB), Carlos Siqueira (PSB), Luciano Bivar (União Brasil). A ministra da Saúde, Nísia Trindade, também estava presente.

De acordo com a assessoria da pasta, mais de mil pessoas assistiram à cerimônia.

Dilma foi ovacionada pelos presentes. O público respondeu com “Dilma guerreira da pátria brasileira” quando Padilha disse que a volta do governo do PT é “uma reparação histórica das injustiças”, em referência ao impeachment da ex-presidente.

Padilha volta à pasta que comandou entre 2009 e 2010, no segundo mandato de Lula. Durante o governo Dilma Rousseff (PT), Padilha foi ministro da Saúde e criou o programa Mais Médicos.

“Boa tarde a todas, a todos e a todes. O Brasil voltou a respirar”, disse Padilha no início do seu discurso.

Ele falou sobre a ditadura militar e lembrou a perseguição a seus pais. “A palavra democracia é muito cara pra mim, fui obrigado a aprender desde muito pequeno. Sou filho de jovens que lutaram e sofreram com a repressão da ditadura”, disse.

Padilha mencionou alguns nomes que irá chamar para compor o conselhão: o advogado Marco Aurélio Carvalho, do grupo Prerrogativas, a empresária Rosangela Lyra, a socióloga Neca Setúbal, a líder de Heliópolis Antonia Cleide e o ativista de moradia Monoel del Rio.

Durante a posse do presidente, neste domingo (1º), Padilha havia dito que Lula quer recriar um conselho político de coalizão que reúne presidentes de partidos e lideranças no Congresso para debater o país.

O agora ministro afirmou ainda, no domingo, que o governo Lula vai buscar atrair partidos da base de Bolsonaro e que centrão é um conceito que “não existe”. MDB, União Brasil e PSD fazem parte da base do governo petista e indicaram ministros, mas o PT quer atrair outras siglas, como o Republicanos.

“Vamos conversar com os partidos que eram da base do Bolsonaro e que, em um primeiro momento, podem sinalizar que são da oposição”, disse.

“O centrão é um apelido, um conceito que, para mim, não existe”, afirmou ainda. “O que existe são partidos políticos que têm posições políticas e que nós temos a melhor relação possível. Vários desses partidos políticos são chamados de centrão, que é um conceito para mim que não existe.”

Médico formado pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Padilha também foi secretário municipal da Saúde de São Paulo quando Fernando Haddad (PT) foi prefeito da capital. Em 2014, ele concorreu ao Governo de São Paulo pelo PT, mas perdeu para Geraldo Alckmin (PSB), que hoje é vice-presidente de Lula.

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