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Política & Poder

Nunes diz que vai à Justiça após Lula pedir voto a Boulos e afirma que petista mira palanque de 2026

“Parece que o presidente ainda está no palanque de 2022 [quando disputou a eleição contra Jair Bolsonaro] e já pensando no palanque de 2026”

Redação Jornal de Brasília

01/05/2024 17h19

Foto: Agência Brasil

ARTHUR GUIMARÃES
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O prefeito Ricardo Nunes (MDB) disse nesta quarta (1º) que sua campanha acionará a Justiça Eleitoral após Lula (PT) pedir voto a Guilherme Boulos (PSOL) e disse que o presidente pensa “no palanque de 2026”.

“Parece que o presidente ainda está no palanque de 2022 [quando disputou a eleição contra Jair Bolsonaro] e já pensando no palanque de 2026. Como presidente da República, tem uma atitude que claramente é um desrespeito à lei eleitoral. Não tem outra palavra a não ser lamentar”, afirmou Nunes.
Nunes disse que “não há outro caminho a não ser judicializar para buscar a reparação por conta de um ato desse”.

No evento de 1º de Maio, Lula classificou a eleição deste ano em São Paulo como “verdadeira guerra” e pediu para que seus eleitores votem em Boulos.

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante Visita ao campo do estádio do Corinthians, Itaquera, São Paulo – SP. Foto: Ricardo Stuckert / PR

Os dois dividiram palco em evento realizado pelas centrais sindicais nesta quarta (1º) em comemoração ao Dia do Trabalhador, e a manifestação do presidente foi vista por especialistas como indício de infração eleitoral por campanha antecipada.

“Ninguém derrotará esse moço aqui se vocês votarem no Boulos para prefeito de São Paulo nas próximas eleições”, disse Lula. “Vou fazer um apelo: cada pessoa que votou no Lula em 89, em 94, em 98, em 2006, em 2010, em 2018 2022, tem que votar no Boulos para prefeito de São Paulo.”

A legislação eleitoral impõe restrições à propaganda na chamada pré-campanha e proíbe pedido de voto.

Advogados consultados pela reportagem afirmaram ver indícios de ilícito eleitoral na fala de Lula, que ficaria sujeito a ser punido com multa de R$ 5.000 a R$ 25 mil.

Nunes disse que, “por ser um presidente da República, a experiência que ele tem, obviamente, sabia o que estava fazendo”.

Mais cedo, Nunes minimizou sua ausência no ato organizado pelas centrais sindicais nesta quarta-feira e criticou a ação ajuizada pelo governo Lula contra a desoneração da folha de pagamentos.

Na agenda do prefeito para este 1º de Maio predominam eventos religiosos. Questionado sobre por que decidiu não ir à celebração planejada pelas centrais sindicais, Nunes disse que tinha outras agendas.

“Bom evento para eles.”

A resposta foi dada pela manhã, em Ermelino Matarazzo, na zona leste, onde participou de uma missa de ação de graças dedicada aos trabalhadores. Depois ele foi à inauguração do Viaduto Castelo Branco em Santo André, cidade vizinha.

Nesta tarde ele voltou a São Paulo para uma celebração com pastores evangélicos na região oeste e, à noite, participará de dois cultos na zona leste.

A bandeira religiosa é um dos pilares do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que apoiará a reeleição de Nunes em São Paulo.

O evento do 1º de Maio com Lula em Itaquera reuniu CUT (Central Única dos Trabalhadores), Força Sindical, UGT (União Geral dos Trabalhadores), CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), NCST (Nova Central Sindical de Trabalhadores), CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros) e Intersindical Central da Classe Trabalhadora.

“É bom que representantes do governo federal estejam lá”, afirmou Nunes, “porque eles podem receber das centrais um pedido para desistir da ação no STF contra a desoneração da folha”.

O prefeito se refere ao processo no Supremo Tribunal Federal no qual o petista contestou a prorrogação da desoneração da folha de pagamento de municípios e empresas de 17 setores da economia.

Na última quinta-feira (25), o ministro Cristiano Zanin suspendeu trechos da lei que prorrogou a desoneração. O magistrado julgou que a norma estendeu benefícios fiscais sem a estimativa de impacto orçamentário e financeiro.

Até o momento, outros quatro ministros votaram para confirmar a decisão de Zanin: F lávio Dino, Gilmar Mendes, Luís Roberto Barroso e Edson Fachin. Faltando um voto para a formação da maioria, o ministro Luiz Fux pediu mais tempo para analisar o caso e paralisou o julgamento.

Embora seu partido, o MDB, seja da base de Lula e comande ministérios, o prefeito tem se descolado do governo federal e disse que a desoneração da folha é importante para fomentar a geração de emprego e renda.

O prefeito afirmou que a ação de Lula no STF é “inusitada”, ecoando a fala do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

“O governo federal ir até o STF para questionar uma decisão de uma votação que houve no Congresso Nacional Cada um sabe das suas prioridades”, declarou Nunes.

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