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Política & Poder

Mulheres que não tiveram medo de lutar na linha de frente da guerra 

Há historiador que tenta incluir Anita Garibaldi nesse grupo, mas é forçação de barra, pois a Ana Maria de Jesus Ribeiro só fez acompanhar com o amante Giuseppe Garibaldi em suas campanhas, da mesma forma que Maria Bonita acompanhava Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião

Gustavo Mariani

26/05/2024 11h25


A crônica das heroínas-guerreiras ainda deve muito a elas. Quase sempre, são coadjuvantes dos heróis, e, quando aparecem, a lista é pequena. A história do Brasil, por exemplo, só chega a quatro delas – Clara Camarão, Maria Quitéria, Jovita Feitosa e Bárbaras Alencar. Há historiador que tenta incluir Anita Garibaldi nesse grupo, mas é forçação de barra, pois a Ana Maria de Jesus Ribeiro só fez acompanhar com o amante Giuseppe Garibaldi em suas campanhas, da mesma forma que Maria Bonita acompanhava Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião.

 Há países que cultuam muito as suas heroínas, sejam elas “guerreiras de guerras” ou de outras vertentes, como, por exemplo, a França de Joana D´Arc (1412-1431); os Estados Unidos de Amelia Earhart 1897 a 1937); o México de Leoa Vicario (1789 a 1842); a Espanha de Augustine Domenéch (1786-1857); a Sérvia de Milunka Savic (1888-1973); o Japão de Nakano Takeko (1847-1868) e a China de Ching Shih (1775-1844).  Os maiores cultuadores desses personagens, no entanto, são os russos, que divinizam nove delas: Roza Iegorovna Shanyna, Yelena Slessarenko, Marina Raskovam, Lyudmila Pavlichenko (1916-1974); Lydia Litvyak (1921-1943); Zoia Kosmodemianskaia; Maria Oktiabrskaia; Polina Ossipenko e Valentina Grizodubova, que comandou regimento de aviação todo masculino,

Visitemos, primeiramente, as quatro indiscutíveis guerreiras brasileiras. 1- Clara Camarão era indígena, nascida no Século 17, no Rio Grande do Norte. Casou-se com o também índio Antônio Felipe Camarão e era uma pacata doméstica quando formou um pelotão de índias potiguares para participar das batalhas ao lado dos maridos que combatiam os holandeses invasores do nordeste brasileiro; 2 – Maria Quitéria de Jesus Medeiros (1792 – 1853) precisou se vestir de homem e usar o nome de um cunhado para se alistar na artilharia brasileira e enfrentar os portugueses durante as lutas “brazucas” pela independência. Condecorada pelo Imperador Pedro I, foi a primeira mulher-soldado a pertencer a uma unidade milita; 3 – Antônia “Jovita” Alves Feitosa (1848-1867) queria se alistar no Exército brasileiro e lutar na Guerra do Paraguai. Como lhe era proibido, cortou os cabelos e vestiu-se de homem para ser aceita, em 1865. Assim que a sua identidade foi descoberta, expulsaram-na das tropas; 4 – Bárbara Pereira de Alencar (1760 – 1832) participou da Revolução Pernambucana-1817 e foi a primeira presa política do Brasil. Participou, também, da proclamação da República do Crato, a região cearense que desafiou do império português. Passou quatro anos na cadeia.

 Das super-heroínas russas, uma das melhores miras foi a de Roza Iegorovna Shanyna (viveu de 1924 a 1945), franco-atiradora (foto) que a II Guera Mundial lhe creditou  59 tiros certeiros sobre atiradores de elite nazistas. Ela pediu para ser enviada às linhas de frente, em 1941, e mostrou tão grande precisão de tiro, capaz de fazer dois acertos de alvos por disparos de rápida sucessão. Primeira mulher em serviço  na frente bielorussa de luta,  chamada, em 1944, “Terror Invisível”, foi abatida em combate, do que escapou Marina Mikahailova Raskova, primeira soviética líder de regimentos de aviadores durante a II Guerra Mundial. Quando a Alemanha nazista desestabilizava as forças do seu povo, em 1941, ela convenceu o líder soviético Joseph Stalin a criar destacamento aéreo exclusivamente feminino, que foi apelidado por “ Bruxas da Noite” (Nachthexen). Stalin deu-les pequenos e primitivos aviões, Marina fundou três regimentos, a sua turma voou em mais de 30 mil missões.

Embora os russos divinizem as heroínas já citadas, quem mais foi lembrada no pós–guerra chamava-se Zoia Kosmodemianskaia. Tornou-se motivo de filmes, livros e canções. Foi para a guerra aos 18 de idade e, ao ser capturada pelos nazistas, suportou torturas, espancamentos e não fraquejou nem mesmo durante o enforcamento. De sua parte, Liudmila Pavlitchenko levou os alemães a organizaram grandes caçadas, com seus melhores atiradores para pegá-la – em vão. Ela saiu da guerra, aos 25 de idade, abatendo 309 invasores de sua terra na frente de batalha.

Todas as nove super-heroínas de guerra soviéticas só foram pouco lembradas quando, em 16 de junho de 1963 e por mais quase três dias, Valentina Terechkova viajou a bordo da nave espacial Vostok-6, circundando a Terra por 48 vezes e tornando-se a primeira mulher cosmonauta. Por ali, já eram tempos de uma outra “guerra”, a “guerra-fria”, entre União Soviética e Estados Unidos, pelo comando ideológico do planeta.    

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