FABIO VICTOR
FORTALEZA, CE (FOLHAPRESS)
José Sarto, prefeito de Fortaleza candidato à reeleição pelo PDT, é, entre as capitais do país, um caso raro de governante em apuros para conseguir se manter no cargo.
Na última pesquisa Datafolha, estava numericamente atrás de André Fernandes (PL), Evandro Leitão (PT) e Capitão Wagner (União Brasil). Sua gestão é avaliada como ótima ou boa por 21% dos eleitores, enquanto 42% a consideram regular e 35%, ruim ou péssima.
Sarto diz que a cisão da aliança estadual entre PT e PDT o prejudicou. Até 2023, Evandro era seu colega de partido e, agora no PT, tem ao seu lado os governos federal e estadual. Pode ser, mas na eleição de 2020 o PT também teve candidata própria (Luizianne Lins), e Sarto saiu-se bem melhor.
“Acho lamentável que isso tenha ocorrido. Infelizmente houve essa fratura, tanto do lado progressista como do conservador. Seria natural imaginar [só] duas candidaturas que representassem esses campos”, disse Sarto à reportagem.
Segundo o pedetista, ainda há tempo para uma virada. “Tenho certeza que a população vai perceber que isso aqui não é um Fla x Flu, nós contra eles, o que está em debate é um projeto de cidade.”
Médico, 65 anos, Sarto teve o início de mandato marcado pela Covid e aposta que a sua condução da crise e bons índices na educação podem lhe ajudar na reeleição. “Lidei com o pior momento da pandemia, vacinei como médico, fui para a linha de frente, tinha candidato passeando na praia. Agora, como há três anos, temos de decidir qual caminho seguir: o da ciência ou o do negacionismo, do extremismo?”
Criticado por ter sancionado em 2023 a taxa do lixo, alega que é uma determinação do marco do saneamento (“aprovado com o voto do Capitão Wagner”) e que os rivais são demagogos ao prometer revogá-la.
E ataca o governo estadual pela criminalidade. Sarto conta que, após inaugurar um posto de saúde no bairro José Walter, precisou construir outro a menos de um quilômetro porque uma facção impedia parte da comunidade de usar o primeiro. “Isso mostra o colapso total da segurança pública, que é responsabilidade do governo do PT do Ceará.”