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Política & Poder

Lula se reúne com Xi Jinping depois de criticar o dólar e o FMI

A recepção, a primeira parte do encontro, aconteceu a céu aberto, na praça em frente ao palácio, ao lado da Praça da Paz Celestial

Redação Jornal de Brasília

14/04/2023 6h16

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a primeira-dama Janja Lula da Silva chegaram ao Grande Palácio do Povo em Pequim e receberam as boas-vindas do presidente chinês Xi Jinping. A recepção, a primeira parte do encontro, aconteceu a céu aberto, na praça em frente ao palácio, ao lado da Praça da Paz Celestial na tarde desta sexta-feira, 14, na China.

No final da tarde de sexta-feira, na China, haverá uma cerimônia de troca de presentes entre os dois presidentes, registro de fotos e, por fim, um jantar oficial, oferecido pelo governo da China. Lula promete falar com a imprensa logo após este jantar na Embaixada do Brasil em Pequim.

A delegação brasileira, que chegou em Xangai na noite da quarta-feira, 12, é a primeira a visitar a China após a escolha da nova composição dos principais cargos do governo chinês, ocorrida nas sessões gêmeas da Assembleia Nacional Popular e da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, no começo de março.

Durante a primeira etapa da viagem, em Xangai, Lula questionou o uso do dólar como moeda global, poucas semanas depois de seu governo estabelecer um acordo com Pequim para operações comerciais com concordar com o real e o yuan, sem a necessidade do câmbio na moeda americana

“Toda noite me pergunto por que todos os países estão obrigados a fazer o seu comércio lastreado no dólar? (…) Hoje um país precisa correr atrás de dólar para poder exportar quando poderia exportar na sua própria moeda”, afirmou Lula na quinta-feira.

As declarações aconteceram durante a cerimônia de posse da ex-presidente Dilma Rousseff (2011-2016) no comando do banco BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

Durante o evento, Lula também reservou palavras duras par ao FMI, aludindo às acusações de que a instituição impõe cortes draconianos nos gastos públicos em países em dificuldades econômicas, como a Argentina, em troca de empréstimos.

Foto: Ricardo Stuckert/PR

“Não cabe a um banco ficar asfixiando as economias dos países como o FMI está fazendo agora na Argentina e como fizeram com o Brasil durante muito tempo e com todos os países do terceiro mundo”, afirmou.

“Nenhum governante pode trabalhar com una faca na garganta porque está devendo”.

Ucrânia na agenda

Desde seu retorno ao poder janeiro, após dois mandatos entre 2003 e 2010, Lula tem como objetivo recolocar o Brasil “na nova geopolítica mundial” e deixar para trás o isolacionismo de seu antecessor, Jair Bolsonaro.

Depois de viagens para Argentina e Estados Unidos, o petista visita a China com a intenção de consolidar a relação e atuar como ponto de ligação entre as diferentes regiões do mundo.

“A época em que o Brasil estava ausente nas grandes decisões mundiais já é coisa do passado. Estamos de volta no cenário internacional depois de uma ausência inexplicável”, declarou em Xangai, cidade que deixou na quinta-feira à noite para viajar a Pequim.

Na capital, ele tem uma agenda repleta de compromissos, que começaram com um encontro com o presidente da Assembleia Popular Nacional da China, Zhao Leji.

Foto: Ricardo Stuckert/PR

“Queremos elevar o patamar da parceria estratégica entre nossos países, ampliar fluxos de comércio e, junto com a China, equilibrar a geopolítica mundial”, tuitou a conta oficial de Lula ao lado de uma foto com Zhao.

Ele também se reunirá com o primeiro-ministro Li Qiang no Grande Palácio do Povo, antes de ser recebido pelo presidente Xi Jinping e participar em uma entrevista coletiva.

Além das questões sobre investimentos e comércio, um dos principais temas do encontro entre Lula e Xi deve ser a guerra na Ucrânia.

Nem a China nem o Brasil adotaram sanções contra a Rússia como fizeram os países ocidentais. As duas nações tentam estabelecer posições como mediadores para alcançar a paz.

Lula propõe formar um grupo de países para trabalhar em uma solução negociada para o conflito causado pela invasão russa.

Vínculos comerciais

A passagem por Xangai também demonstrou a importância econômica da viagem de Lula, que estava prevista para o fim de março, mas foi adiada depois que o presidente de 77 anos foi diagnosticado com pneumonia.

Em sua quarta visita oficial à China, principal sócio comercial do Brasil, Lula é acompanhado por uma comitiva de quase 40 representantes políticos, incluindo nove ministros, governadores, deputados e senadores, além de empresários.

O volume de comércio entre as duas economias cresceu 21 vezes desde a primeira visita de Lula ao país em 2004. Em 2022, o gigante asiático importou do Brasil 89,7 bilhões de dólares (443 bilhões de reais), com destaque para soja e minerais.

Depois da cerimônia no banco dos BRICS, Lula visitou um centro de pesquisas de empresa de tecnologia Huawei e se reuniu com o presidente da montadora de carros elétricos BYD, que negocia a abertura de uma fábrica na Bahia.

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