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Política & Poder

Lula recebe Macron na Amazônia em uma esperada visita de três dias

Macron vem ao Brasil procedente da Guiana Francesa, onde visitou, nesta terça, o Centro Espacial europeu de Kourou

Redação Jornal de Brasília

26/03/2024 14h58

Foto: Photo by Ludovic MARIN / AFP

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe nesta terça-feira (26) seu homólogo francês, Emmanuel Macron, na cidade de Belém, no início de uma esperada visita de três dias para relançar as relações bilaterais.

É a primeira viagem oficial de um presidente francês ao país em 11 anos. Embora Lula tenha visitado Paris em junho do ano passado, autoridades brasileiras esperavam que Macron fosse um dos primeiros chefes de Estado a visitar o esquerdista em 2023, quando voltou ao poder.

Macron vem ao Brasil procedente da Guiana Francesa, onde visitou, nesta terça, o Centro Espacial europeu de Kourou.

Espera-se que o voo inaugural do futuro foguete Ariane 6 ocorra entre “o fim de junho e o começo de julho”, informou o presidente do Centro Nacional de Estudos Espaciais (CNES), Philippe Baptiste, durante conversa com Macron.

O programa visa devolver à Europa a autonomia de acesso ao espaço.

O futuro do centro de Kourou deve ser “redefinido para que seja um verdadeiro porto espacial da Europa”, afirmam fontes do Palácio do Eliseu. Destacam, em especial, a grande competição representada pelos foguetes SpaceX de Elon Musk e o desenvolvimento de micro e mini lançadores.

Uma nova página

Na Guiana, Macron também se mostrou favorável à instalação de atividades de “mineração legal” para “reduzir” a ilegal e prometeu fortalecer a cooperação com o Brasil nessa luta.

Nesta visita, o presidente francês estabelecerá um novo começo com Lula, depois dos anos difíceis da presidência de extrema direita de Jair Bolsonaro.

Em plena crise devido aos incêndios na Amazônia em 2019, Bolsonaro e seus ministros foram desrespeitosos e até ofensivos com Macron e sua esposa, o que agravou uma relação já tensa.

A França, a sétima maior economia do mundo, e o Brasil, a nona maior, são considerados atores-chave em um cenário internacional marcado pela rivalidade entre a China e os Estados Unidos.

Paris vê Brasília como uma ponte com as “grandes economias emergentes”, cujas vozes os brasileiros tentam que sejam cada vez mais ouvidas em sua atual presidência do G20 das economias avançadas e do grupo Brics+. “Vivemos um momento franco-brasileiro”, comemora o Eliseu.

A França é um ator essencial e indispensável para a política externa brasileira, afirma a secretária do Itamaraty para Europa e América do Norte, Maria Luisa Escorel de Moraes.

Lula e Macron têm um encontro simbólico na cidade amazônica de Belém, que em 2025 receberá a COP30 contra a mudança climática.

O desmatamento na Amazônia brasileira diminuiu pela metade em 2023, um sucesso para Lula que prometeu acabar com este problema até 2030.

A maior floresta tropical do mundo desempenha um papel fundamental na luta contra a mudança climática, absorvendo as emissões de dióxido de carbono.

Em Belém, Macron vai premiar o cacique Raoni com a Legião de Honra, a principal distinção francesa, como “figura internacional na luta pela preservação da floresta amazônica e da cultura dos povos indígenas”, segundo a Presidência francesa.

Divergências: Mercosul e Ucrânia

Em matéria de defesa, França e Brasil cooperam na fabricação de quatro submarinos de propulsão clássica e o terceiro deles, chamado “Tonelero”, será inaugurado na quarta-feira pelos dois líderes na base naval de Itaguaí, no estado do Rio de Janeiro.

O acordo, confiado ao Naval Group, prevê também a construção de um quinto submarino com propulsão nuclear para o Brasil, mas até o momento sem transferência de tecnologia francesa referente ao reator.

Segundo Escorel de Moraes, há conversas sobre a possibilidade de a França cooperar inclusive no aspecto da energia nuclear.

Outros assuntos serão mais complexos, começando pelo acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul, paralisado pela enésima vez devido à oposição da França.

Ambas as presidências garantiram que o objetivo da visita não é entrar na questão deste acordo que está sobre a mesa há mais de duas décadas.

Macron também insistirá que a guerra na Ucrânia seja discutida este ano no G20. Mas Lula, que causou desconforto ao defender uma política de não isolamento da Rússia, tem sido evasivo até agora.

Lula e Macron concluirão esta visita com um encontro na quinta-feira no Palácio do Planalto, em Brasília.

© Agence France-Presse

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