ARTUR BÚRIGO E JOÃO PEDRO PITOMBO
FOLHAPRESS
O presidente Lula (PT) minimizou a força política do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), disse que ele “não vai para lugar nenhum” e zombou do adversário afirmando que ele “não aprendeu a descascar banana”.
As declarações foram dadas nesta quinta-feira (11) em solenidade da Caravana Federativa, evento do governo federal em Belo Horizonte.
Em discurso, Lula lembrou do início de seu mandato, quando convidou os 27 governadores a irem para Palácio do Planalto para indicar obras para o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
“O Zema não falou nada porque só queria comer banana com casca, ele não tinha aprendido a descascar banana ainda. Ele não vai a lugar nenhum. O cara que não aprendeu descascar banana, não pode querer fazer nada mais”, afirmou o petista, sob aplauso dos aliados.
A declaração faz referência a um vídeo gravado por Zema em fevereiro deste ano no qual o governador mineiro comeu uma banana com casca para criticar a inflação dos alimentos. Em agosto, Zema lançou sua pré-candidatura à Presidência e tem feito acenos ao eleitor bolsonarista.
Mais cedo, em entrevista ao Portal Uai, de Minas Gerais, Lula também minimizou a pré-candidatura de Flávio Bolsonaro (PL-RJ), anunciada na semana passada.
“A gente não escolhe candidato, adversário. Vejo toda hora [Ronaldo] Caiado, Tarcísio [de Freitas], [Romeu] Zema, Ratinho [Jr.], Eduardo [Bolsonaro], Michelle [Bolsonaro]. Toda hora inventam um nome.
Ou seja, quem inventa muito nome é porque não tem nenhum. Então eles estão em dúvida porque eles sabem de uma coisa: eles perderão as eleições em 2026. Eles perderão”, declarou.
Flávio chegou a dizer que teria um preço para desistir da candidatura. Depois, em entrevista à Folha, recuou e afirmou que sua candidatura é irreversível.
O parlamentar viajou para São Paulo na última quinta-feira (4) para informar a decisão de Bolsonaro ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), antes do anúncio.
Lula participou em BH de uma caravana itinerante do governo federal que presta atendimento e suporte técnico a gestores municipais e estaduais. Mais cedo, o presidente foi a inauguração de um centro de radioterapia em hospital em Itabira, na região central do estado.
Esta é a oitava viagem de Lula a Minas neste ano. O presidente intensificou a agenda no estado na tentativa de construir um palanque no segundo maior colégio eleitoral do país, que costuma ser uma espécie de termômetro para as eleições presidenciais.
Até o momento, porém, o PT e os partidos de esquerda não conseguiram construir uma candidatura para governador do estado em 2026. O nome mais forte era do senador Rodrigo Pacheco (PSD), mas a tendência é que ele deixe a vida pública após ser preterido na escolha ao STF (Supremo Tribunal Federal), em que o presidente indicou seu advogado-geral da União, Jorge Messias.
Outras possíveis candidaturas citadas com potencial de servirem como palanque para Lula em 2026 são as do ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PDT) e, mais recentemente, do presidente da Assembleia Legislativa, Tadeu Leite (MDB).
Interlocutores dos dois políticos, porém, ainda não cravam que o nome deles estará nas urnas, principalmente de Tadeu, que passou a ser sondado para uma filiação no PSB.
Na entrevista ao Portal Uai, Lula disse não ter desistido de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) como candidato ao governo de Minas em 2026.
“Eu disse pro Pacheco: ‘Cara, eu tô te pedindo para você me ajudar a ganhar as eleições para a Presidência da República. Você será governador do segundo estado mais importante do Brasil. Você pode fazer a diferença nesse processo eleitoral’. Ele relutou, relutou, mas ele pensa que eu desisti, eu não desisti”, afirmou o presidente.
O senador já indicou a Lula não ter intenção de entrar na disputa, além de ter sido um dos cotados para assumir a vaga de Luís Roberto Barroso no STF (Supremo Tribunal Federal). O presidente optou por indicar Jorge Messias para a posição.