Menu
Política & Poder

Lula e Bolsonaro fecham alianças nos estados com palanques duplos e tensões

Ciro Gomes e Simone Tebet, por sua vez, enfrentam isolamento, com dissidências e neutralidade entre aliados

FolhaPress

08/08/2022 5h27

Foto: Miguel Schincariol e Sergio Lima/AFP

João Pedro Pitombo
Salvador, BA

O presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegam ao prazo final das convenções partidárias, encerradas na sexta-feira (5), com palanques duplos, apoios não recíprocos e tensões entre aliados nos estados.

Os também presidenciáveis Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB), por sua vez, enfrentam um cenário de isolamento, com dissidências em favor de Lula e Bolsonaro ou neutralidade entre parte dos candidatos a governador de seus próprios partidos e de siglas aliadas.

O PL, partido de Bolsonaro, concorre aos governos em 14 dos 26 estados. Em outros 7 e no Distrito Federal, o presidente subirá em palanques de partidos de fora do seu arco de alianças, como União Brasil, PSD, MDB e até o Solidariedade, aliado a Lula.

A busca por parcerias com outras legendas deu certo em estados como Paraná, com apoio à reeleição do governador Ratinho Júnior (PSD), ou Amazonas, Mato Grosso e Ceará, três estados onde o presidente apoiará candidatos da União Brasil.

Por outro lado, a estratégia não funcionou em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país. Bolsonaro não conseguiu chegar a um acordo com o governador Romeu Zema (Novo) e lançou a candidatura do senador Carlos Viana (PL) para ter um palanque no estado.

Em parte dos estados, o presidente não conseguiu criar palanques próprios competitivos. É o caso do Piauí, onde Sílvio Mendes (União Brasil), candidato do ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), recusa o apoio de Bolsonaro. Restará ao candidato a governador Coronel Diego Melo (PL) liderar a campanha bolsonarista no local.

No Maranhão, bolsonaristas aderiram à candidatura ao governo de Weverton Rocha (PDT), que também tem o apoio de setores do PT. A situação é parecida no Amapá, onde o PL estará na mesma coligação do PT em apoio a Clécio Luís (Solidariedade), ex-prefeito de Macapá eleito em 2012 pelo PSOL.

No Rio de Janeiro, base eleitoral de Bolsonaro, o governador Claudio Castro (PL) disputa a reeleição com o apoio do presidente, mas o MDB do candidato a vice-governador Washington Reis vai de Lula.

Presidente estadual do partido, o deputado federal Leonardo Picciani diz que a opção por Lula não enfrentou resistências de Castro. “O governador conhece as características do MDB e respeita nossa posição.”

Em estados como Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Tocantins e Rondônia, a situação é mais favorável a Bolsonaro, com palanques múltiplos de apoio ao presidente.

Em Santa Catarina, os três partidos do arco de alianças de Bolsonaro têm candidatos a governador e disputam o apoio do presidente: o governador Carlos Moisés (Republicanos), o senador Jorginho Mello (PL) e o senador Esperidião Amin (PP).

No Rio Grande do Sul, o embate dentro da base é entre o ex-ministro Onyx Lorenzoni (PL) e o senador Luis Carlos Heinze (PP). O primeiro se ancora na relação próxima com Bolsonaro, enquanto o segundo aposta no apoio do setor do agronegócio, que têm força no interior do estado.

Em entrevista à rádio Guaíba na última quarta-feira (3), Bolsonaro disse que não tomará lado na disputa entre aliados. “São nomes bastante simpáticos, fica difícil.”

Já em estados como Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, o presidente vai apoiar partidos de um arco de alianças —respectivamente, Mauro Mendes (União Brasil) e Eduardo Riedel (PSDB). No entanto, alas mais radicais do bolsonarismo lançaram seus próprios candidatos em partidos como o PRTB e PTB.

O ex-presidente Lula, por sua vez, encerrou o prazo final das convenções se dedicando a apagar incêndios entre partidos aliados, sobretudo PT e PSB. Os dois maiores partidos da coligação não conseguiram chegar a acordos no Rio de Janeiro, no Rio Grande do Sul, na Paraíba e no Acre.

No Rio, o deputado federal Alessandro Molon (PSB) manteve sua candidatura ao Senado a despeito dos apelos do partido, que prometeu fechar as torneiras do fundo eleitoral para sua campanha. Ele vai para o embate direto com o deputado estadual André Ceciliano (PT).

As rusgas respingaram no apoio à candidatura de Marcelo Freixo (PSB) ao governo fluminense. O PT local tenta construir pontes com candidatos de outras alianças, como Rodrigo Neves (PDT) e até com o governador Cláudio Castro (PL).

No Rio Grande do Sul, PT e PSB vão trilhar caminhos diferentes, com candidatos próprios ao governo. No Acre, a disputa entre os dois partidos ficará restrita ao Senado —o ex-governador Jorge Viana (PT) decidiu nesta sexta-feira (5) que concorrerá ao governo do estado, mas não terá o apoio do PSB.

Já em estados como Pernambuco, Paraíba e Sergipe, Lula terá mais de um palanque para frequentar. No primeiro, o ex-presidente apoia oficialmente Danilo Cabral (PSB), mas parte da militância petista está engajada na campanha de Marília Arraes (Solidariedade).

Na Paraíba, o apoio formal de Lula vai para Veneziano Vital do Rêgo (MDB), que enfrentará o governador João Azevêdo (PSB) nas urnas. Já em Sergipe, o ex-presidente apoiará Rogério Carvalho (PT), mas também receberá o apoio de Fábio Mitidieri (PSD).

O PT definiu candidaturas próprias a governador em 12 estados, sendo que os nomes mais competitivos concorrem em São Paulo, Acre e cinco estados do Nordeste: Ceará, Bahia, Piauí, Sergipe e Rio Grande do Norte.

Em quatro estados, o PT apoiará candidatos de partidos fora da sua aliança formal, todos eles do MDB: além de Veneziano Vital do Rêgo, o PT estará no palanque de Paulo Dantas (Alagoas), Eduardo Braga (Amazonas) e Helder Barbalho (Pará).

Apenas no Pará o apoio não é publicamente recíproco. Com um arco de alianças que também inclui bolsonaristas, Barbalho resiste em manifestar voto em Lula. Em maio, ele disse que apoiaria Tebet, mas reconheceu que ela tem poucas chances de sucesso.

Ciro Gomes e Simone Tebet iniciam a campanha com palanques estaduais frágeis e pouca capilaridade fora dos grandes centros.

O PDT terá candidato próprio a governador em nove unidades da federação, mas vai para a disputa com nomes competitivos apenas no Ceará, Rio de Janeiro, Maranhão e Distrito Federal. Ainda assim, os candidatos Rodrigo Neves, no Rio, e Weverton Rocha, no Maranhão, têm sinalizado apoio a Lula.

A senadora Simone Tebet, por sua vez, terá apoios de candidatos a governador em oito estados, dentre nomes do MDB e PSDB.

O MDB terá oito candidatos a governador, mas três deles estão com Lula e dois com Bolsonaro. Os outros três não garantiram apoio exclusivo à presidenciável. Dentre eles está André Pucinelli, que concorre ao governo de Mato Grosso do Sul, estado natal e base política da senadora.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado