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Política & Poder

​Lula diz que pode não sair acordo imediato de reunião com Trump na Malásia

O presidente afirmou que o encontro programado para o período da tarde de domingo em Kuala Lumpur precisará de uma sequência

Redação Jornal de Brasília

24/10/2025 6h09

charge trump lula cara feia

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta-feira, dia 24, que não espera um acordo imediato com o presidente Donald Trump, na reunião que farão domingo, dia 26, na Malásia.

O presidente afirmou que o encontro programado para o período da tarde de domingo em Kuala Lumpur precisará de uma sequência de negociação técnica e política, entre ministros do Brasil e secretários dos EUA.

“Se eu não acreditasse que fosse possível fazer um acordo, eu não participaria da reunião. Se bem que o acordo certamente não será feito amanhã, ou depois de amanhã quando eu me reencontro com ele. O acordo será feito pelos negociadores”, disse Lula, em entrevista antes de decolar de Jacarta, na Indonésia, para Kuala Lumpur, capital malaia.

“Eu nunca participo de uma reunião que eu não acredito no sucesso da reunião. Eu só vou saber se ela é sucesso ou não se eu participar. Então eu vou participar da reunião na expectativa de que a gente tenha sucesso naquilo que o Brasil tem interesse.”

Questionado pelo Estadão sobre o prazo que o Brasil considera razoável para um acerto, Lula afirmou que “quanto antes melhor”.

“Se eu pudesse te dar uma resposta, eu te daria. Eu queria que fosse ontem, mas se for amanhã já está bom. Quanto mais rápido, melhor”, respondeu.

Lula foi questionado insistentemente sobre setores econômicos em pauta, como minerais críticos (entre eles as terras raras), mas não respondeu sobre que proposta fará aos EUA.

O petista afirmou que a reunião está sendo aguardada há algum tempo e que o Brasil sempre esteve disponível para conversar. Os negociadores do lado brasileiro são os ministros.

Lula disse que houve um “certo truncamento” nas negociações, mas que depois do telefonema entre eles as coisas caminharam. O petista diz querer reconstituir uma relação civilizada com os EUA.

“Tenho todo interesse em ter essa reunião, tenho toda a disposição de defender os interesses do Brasil e mostrar que houve equívocos nas taxações ao Brasil e quero discutir um pouco as punições dadas a ministros brasileiros da Suprema Corte que não têm nenhuma explicação.”

Lula disse que fará uma reunião “sem frescura” com Trump, com objetividade e sinceridade. Ele citou como exemplos o preço da carne em alta nos EUA e a inflação sobre o café no mercado interno americano. O Brasil tem expecativa, nos bastidores, que esses produtos sejam retirados do tarifaço.

Lula negou que haja algum tipo de veto a assuntos na conversa e se dispôs a ouvir e conversar sobre tudo com Trump. Os presidentes devem tratar de questões eminentemente políticas, segundo autoridades envolvidas na preparação.

“Vai ser uma reunião livre em que a gente vai pode dizer o que quiser, como quiser, e vai ouvir o que quiser e não quiser também. Estou convencido de que vai ser boa para eles e para o Brasil essa reunião. Vamos voltar a nossa normalidade”, pregou.

O presidente afirmou que quer discutir sanções a ministros do Supremo Tribuna Federal, como a Lei Magnistsky e a cassação de vistos, e também temas geopolíticos, como China, Venezuela, Gaza, Ucrânia e Rússia.

“O Brasil tem interesse e é colocar a verdade na mesa, mostrar que os Estados Unidos não é deficitário, portanto não tem explicação à taxação feita ao Brasil. Não tem por que explicar a punição de ministros nossos, de personalidades públicas brasileiras nas leis americanas, não tem nenhuma explicação, porque eles não cometeram nenhum erro, eles estão cumprindo a Constituição do meu País e ao mesmo tempo a política de tributação é uma coisa que depende do Brasil, depende do Congresso Nacional”, afirmou Lula.

Venezuela

Lula também voltou a criticar as decisões de Trump sobre operações no Mar do Caribe, com as Forças Armadas, contra acusados pelos EUA de integrarem cartéis de drogas venezuelanos. A operação é vista como uma ameaça de intervenção militar na Venezuela, e preocupa o governo brasileiro.

Agora, Trump comparou narcotraficantes a grupos radicais terroristas, como a Al-Quaeda e o Estado Islâmico.

Lula disse que a soberania territorial de cada país e a autodetreminação dos povos devem ser respeitadas e que terá imenso prazer em discutir o tema com Trump.

“Você não fala que vai matar as pessoas, você tem que prender as pessoas, julgar as pessoas, saber se a pessoa estava ou não traficando e aí você pune as pessoas de acordo com a lei”, disse Lula, em mais uma crítica à política militar trumpista. “É o mínimo que se espera que faça um chefe de Estado.”

O petista sugeriu que Trump deveria cuidar dos usuários em vez de enviar as Forças Armadas por terra, ar ou mar. E que esperava uma cooperação policial na região.

“É muito melhor os Estados Unidos se disporem a conversar com a polícia dos outros países, com o Ministério da Justiça de cada país, para a gente fazer uma coisa conjunta. Porque se a moda pega, cada um acha que pode invadir o território do outro para fazer o que quer, onde é que vai surgir a palavra respeitabilidade da soberania dos países? É ruim. Então eu pretendo pretendo discutir esses assuntos com o presidente Trump, se ele colocar na mesa”, afirmou.

O petista também disse que há uma relação de sustentação entre traficantes e dependentes químicos.

“Toda vez que a gente fala de combater as drogas, possivelmente fosse mais fácil a gente combater os nossos viciados internamente. Os usuários são responsáveis pelos traficantes que são vítimas dos usuários também. Você tem uma troca de gente que vende porque tem gente que compra, de gente que compra porque tem gente que vende”, disse Lula.

Estadão Conteúdo

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