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Política & Poder

Lula articula reunião com embaixadores do Brics

As reuniões de Lula devem ocorrer em meio às repercussões do encontro de Bolsonaro com diplomatas estrangeiros

FolhaPress

21/07/2022 12h21

Foto: Ricardo Stuckert

Julia Chaib, Catia Seabra e Victoria Azevedo
Brasília, DF e São Paulo, SP

Primeiro colocado nas pesquisas de intenção de voto para o Planalto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prepara para a próxima semana um encontro com embaixadores dos países que compõem o Brics, bloco formado por Rússia, Índia, China e África do Sul, além do Brasil.

A agenda foi marcada antes da reunião do presidente Jair Bolsonaro (PL) com embaixadores, na segunda, quando propagou mentiras e colocou em xeque a confiabilidade das urnas eletrônicas. A expectativa é que Lula, depois, também se encontre com diplomatas de outros países, em grupo ou individualmente.

A revelação de que ele deve se reunir com embaixadores foi feita pelo próprio ex-presidente numa reunião com integrantes do MDB. De acordo com parlamentares presentes, Lula divulgou a informação após criticar Bolsonaro em razão do evento com os chefes de missões estrangeiras no Palácio da Alvorada.

Segundo relatos, o petista disse na ocasião que o presidente fez uma reunião que simboliza a disposição do chefe do Executivo para questionar o resultado do pleito de outubro caso seja derrotado. Aos emedebistas, Lula comentou ainda que, se houvesse fraude nas urnas, ele nunca teria sido eleito.

De acordo com integrantes de sua campanha, Lula tem sido procurado por diplomatas de outros países, isoladamente ou em conjunto. A perspectiva de aliados é que o debate sobre a eleição e a confiabilidade das urnas permeie os encontros, ainda que não deva ser o assunto principal.

Para petistas próximos a Lula, essa reunião também servirá para discutir temas como clima, fome, desigualdade e paz no mundo. Assim, o encontro, na avaliação de aliados, deve repetir o roteiro de uma série de viagens internacionais que o ex-presidente fez em 2021 –ele viajou à Alemanha e à França.

Em Paris, Lula foi recebido com honrarias para discutir “temas globais fundamentais”, segundo o governo francês. Já neste ano, o petista se encontrou em São Paulo com o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, o que levou Bolsonaro a desmarcar a reunião que teria com o líder europeu.

As reuniões de Lula devem ocorrer em meio às repercussões do encontro de Bolsonaro com diplomatas estrangeiros. Na segunda, no Palácio da Alvorada, o líder brasileiro reciclou mentiras e fez ataques aos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin, Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes.

Não foi divulgada uma lista de participantes. No total, cerca de 60 representantes de missões diplomáticas estiveram no Alvorada. Como mostrou o jornal Folha de S.Paulo, embaixadores presentes no encontro avaliaram que Bolsonaro adotou uma tática semelhante à de Donald Trump nos Estados Unidos: preparar o caminho para questionar o resultado das eleições.

Derrotado por Joe Biden, o republicano insuflou teorias conspiratórias segundo as quais o pleito foi fraudado e foi peça central no episódio que resultou na invasão do Congresso americano, o 6 de Janeiro.

De acordo com os diplomatas ouvidos, as declarações de Bolsonaro não devem mudar a opinião das missões sediadas em Brasília, uma vez que o conteúdo apresentado no Alvorada pouco divergiu de ataques anteriores contra o TSE. Para os embaixadores, o presidente, com o evento, tentou desviar o foco de problemas que afetam seu governo, como a inflação e o preço dos combustíveis.

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