SÃO PAULO, SP/FOLHAPRESS
A primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, voltou a postar neste domingo (17) em sua conta no X (antigo Twitter), que tinha sofrido um ataque hacker na noite de segunda-feira (11).
A socióloga também escreveu que cogitou não retomar a conta, mas decidiu continuar com o perfil para militar contra a violência que atinge mulheres. No dia da invasão, foram postadas em sua conta mensagens que Janja considerou misóginas e violentas contra ela.
A Polícia Federal fez operações para identificar os autores da invasão e uso indevido do perfil no X e, na quinta-feira (14), chegou a um adolescente de 17 anos residente em Sobradinho (DF) que, de acordo com pessoas que acompanham o caso, admitiu ser o responsável pela iniciativa.
No retorno ao X, a primeira-dama publicou que seu email e seu perfil no LinkedIn também foram invadidos.
“Me senti exposta, agredida, ameaçada e desrespeitada como nunca antes. Foram momentos de angústia, ansiedade e tristeza, mas também de acolhimento e força com tantas mensagens de apoio e conforto que recebi”, disse.
Janja afirmou que pensou muito sobre voltar ou não para a plataforma, não só pelas agressões em si, “mas principalmente por toda a demora dos administradores da rede X em agir”. Ela apontou lentidão no trabalho para “congelar” o perfil, a fim de interromper as postagens imediatamente.
Segundo a primeira-dama, sua equipe responsável pelas redes agiu rapidamente, mas o bloqueio levou uma hora e meia para acontecer. “O transtorno e a burocracia continuaram para que a conta fosse recuperada e o relatório da plataforma fosse finalmente entregue para investigação da Polícia Federal, o que aconteceu somente quatro dias depois dos crimes cometidos”, relatou.
Ela afirmou que a situação a fez pensar na angústia de “tantas mulheres que também sofreram e sofrem esse tipo de ataques e, por não serem pessoas públicas, têm ainda mais dificuldade para fazer com que as plataformas de redes sociais ajam”.
A primeira-dama também mencionou o adolescente que confessou a invasão. Comentou ser triste que alguém “esteja no ambiente das redes disposto a espalhar tanto ódio e repulsa às mulheres” e cobrou responsabilização das empresas de tecnologia, afirmando que “mais absurdo ainda é as plataformas permitirem que crimes de ódio sejam praticados livremente”.
“Não podemos permitir que as plataformas sigam lucrando em cima do ódio, coisa que tenho certeza que aconteceu no caso da invasão do meu perfil. Um hora e meia de monetização para o X”, disse.
Em outro trecho, Janja apontou a existência no ambiente virtual de “redes subterrâneas de ódio e crimes” que fazem mulheres, crianças e adolescentes de vítimas. “Essas redes precisam ser investigadas, se for o caso banidas, além de responder criminalmente pelos seus crimes.”
A socióloga defendeu que a sociedade “se engaje para combater esse tipo de crime, tão comumente cometido contra mulheres de todas as nacionalidades, posições políticas e classes sociais” e reiterou que mulheres querem se sentir seguras no ambiente digital e fora dele.
“Decidi seguir firme e atuante nas redes sociais, mais uma maneira de continuar lutando para que todas as mulheres possam viver suas vidas livres de violência”, concluiu.
O perfil de Janja foi hackeado na noite da segunda (11).
Por volta das 21h30 daquele dia, o perfil dela passou a publicar ofensas e também frase afirmando que a conta foi invadida. No X, a primeira-dama possui 1,2 milhão de seguidores.
Entre as postagens do invasor, houve menção ao mensalão, escândalo do primeiro mandato do presidente Lula, e ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.
Parte das ofensas foi dirigida à própria Janja. Uma das postagens debochava: “Eu to no trends”, em referência aos assuntos mais comentados da rede.
O Palácio do Planalto acionou a plataforma e a PF, que destacou a Diretoria de Combate a Crimes Cibernéticos para cuidar do caso.
Em nota, a Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República) disse na ocasião repudiar veementemente o ataque hacker à conta da primeira-dama. “Não serão tolerados crimes, discursos misóginos, o ódio e a intolerância nas redes sociais”, afirmou.
A invasão à rede social de Janja é investigada no âmbito do inquérito das milícias digitais, conduzido por Moraes.