IDIANA TOMAZELLI
FOLHAPRESS
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quinta-feira (18) que vai sair do comando da pasta “no mais tardar em fevereiro” e que pretende colaborar com a campanha de Lula à Presidência da República.
“Eu maneifestei o desejo de colaborar com a campanha do presidente, e isso é incompatível com o cargo de ministro da Fazenda”, afirmou em café com jornalistas, o qual iniciou já em tom de despedida.
Segundo ele, como não pretende ser candidato, sua saída não necessariamente precisa respeitar o calendário de desincompatibilização do cargo para poder concorrer, o que se daria em abril. Mas ele sinalizou a intenção de sair antes disso.
“Não é prazo de desincompatibilização, porque eu não sou candidato. O debate é qual é o momento”, afirmou. “No mais tardar em fevereiro”, acrescentou.
Em entrevista ao jornal O Globo, publicada na semana passada, Haddad já havia sinalizado a intenção de deixar o comando do Ministério da Fazenda.
A Folha de S.Paulo já havia mostrado que o ministro deve deixar o governo em fevereiro. O principal objetivo dele é esperar pela materialização do que considera um de seus principais feitos: a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000 por mês.
Haddad confirmou à coluna Painel que deixaria o governo, mas não precisou a data. “Deve ser um pouco antes de março”, afirmou.
Ao falar de seus projetos para 2026, o ministro tem descartado a possibilidade de concorrer ao governo de São Paulo ou ao Senado, apesar dos apelos de dirigentes do PT, a começar pelo presidente do partido, Edinho Silva.
Mais cedo nesta quinta, o próprio presidente Lula disse que gostaria que Haddad fosse candidato, mas o ministro desconversou. “Tive uma conversa com o presidente e ele falou para vocês [jornalistas] o que ele falou para mim: ‘vou respeitar a decisão que você tomou ou vai tomar'”, afirmou.
Nesta posição, diz a interlocutores, ele poderia fazer a defesa do governo do qual é até agora a figura central. Em sua gestão, a economia era vista como o maior problema do país por 22% dos brasileiros, percentual que caiu para 11% neste mês, de acordo com pesquisa do instituto Datafolha.
Haddad já conversou com Lula sobre a saída e sugeriu o nome de seu secretário-executivo do ministério, Dario Durigan, para sucedê-lo.
Durigan é um dos principais articuladores políticos do Ministério da Fazenda e construiu contato direto com parlamentares e com o Palácio do Planalto na discussão da agenda econômica no Congresso, principalmente nos temas fiscais.
Durante o café, o ministro desconversou sobre nomes, mas elogiou sua atual equipe. “Gosto de promover as pessoas que trabalham comigo. São pessoas da mais alta qualidade técnica e do mais alto compromisso com país”, disse.
“Se [o presidente] me perguntar, obviamente vou responder o que eu acho, mas vocês não vão saber porque eu vou responder a ele [Lula]. O presidente conhece a minha equipe, despacha com a equipe”, afirmou.
Nesta quinta, durante café da manhã com jornalistas, Lula disse que gostaria que Haddad fosse candidato, pois vê chances de o PT eleger tanto governador quanto senador em São Paulo.
Uma das prioridades do partido e do presidente é eleger um número grande de senadores em 2026 para tentar afastar o risco de se formar uma maioria de direita na Casa.