IDIANA TOMAZELLI E NATHALIA GARCIA
FOLHAPRESS
O ministro Fernando Haddad (Fazenda) afirmou nesta quinta-feira (18) ter conversado com o presidente da França, Emmanuel Macron, sobre o acordo entre a União Europeia e o Mercosul e defendeu dar um pouco mais de tempo aos europeus, como pleiteado.
A declaração foi dada antes de os europeus informarem o adiamento da assinatura para janeiro.
A França é um dos principais opositores à assinatura do tratado no próximo sábado (20), em Foz do Iguaçu, diante de pressão de seus agricultores. Nos últimos dias, o governo francês pediu o adiamento dos trâmites na Europa e angariou o apoio da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni.
O ministro afirmou ter mandado uma mensagem a Macron, dizendo que, mais do que um acordo comercial, o que estava em jogo era um pacto de natureza política.
“Acredito que vale a pena insistir um pouco mais porque, primeiro, não há prejuízo para os agricultores italianos e franceses, tem uma exploração barata das sensibilidades dessas pessoas, […] mas ele [esse sentimento] não corresponde ao acordo, tem salvaguardas muito importantes”, disse Haddad em café com jornalistas.
“Mas, se estão precisando de mais tempo para esclarecer isso, penso que, se for pouco tempo, vale a pena esperar”, acrescentou.
A fala do chefe da equipe econômica ecoou declaração dada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta quinta sobre a conversa telefônica com a primeira-ministra da Itália.
“Ela [Meloni] ponderou para mim que ela não é contra o acordo. Ela apenas está vivendo um certo embaraço político por conta dos agricultores italianos, mas que ela tem certeza de que é capaz de convencê-los a aceitar o acordo”, afirmou Lula.
“Ela pediu para que, se a gente tiver paciência, de uma semana, 10 dias, de, no máximo 1 mês, a Itália estará junto com o acordo”, continuou.
O acordo criaria um mercado de livre comércio de 722 milhões de consumidores, um dos maiores do planeta. Juntos, Mercosul e UE reúnem um PIB (Produto Interno Bruto) de aproximadamente US$ 22 trilhões.