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Política & Poder

Grupo de ministra foi denunciado por uso de homens armados contra empresários

O prefeito de Belford Roxo, Wagner Carneiro,o Waguinhio (União Brasil), que participou do grupo de transição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)

Redação Jornal de Brasília

06/01/2023 20h55

Foto: Reprodução

O prefeito de Belford Roxo, Wagner Carneiro,o Waguinhio (União Brasil), que participou do grupo de transição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e é casado com a ministra do Turismo, Daniela Carneiro (União Brasil), de quem é parceiro político, responde na Justiça do Rio de Janeiro a uma denúncia de uso de homens armados com o objetivo de intimidar empresários na Baixada Fluminense.

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) denunciou Waguinho, o deputado estadual Márcio Canella (União Brasil), ex-vice-prefeito do município, e outras 23 pessoas sob acusação de peculato, concussão, fraude a licitação e organização criminosa.

O MPRJ denunciou o grupo político da nova ministra do Turismo em abril de 2019, por meio do Grupo de Atribuição Originária Criminal da Procuradoria-Geral de Justiça (GAOCRIM/MPRJ). De acordo com a denúncia, foram apuradas irregularidades na contratação de empresas para a prestação dos serviços de coleta e transporte de lixo urbano e destinação final em aterro sanitário. A investigação mostrou ainda irregularidades em licitações de pavimentação de vias públicas e de locação de imóveis pelo executivo local.

Segundo o MP, Waguinho teria enviado homens armados para pressionar o empresário Moisés de Souza Boechat, dono de um aterro sanitário contratado pela prefeitura de Belford Roxo.

O empresário afirmou em depoimento ao MP que emissários de Waguinho e Canella começaram a abordá-lo na campanha eleitoral de 2016. Então candidato a prefeito, Waguinho pretendia arrendar o aterro sanitário de Boechat. As propostas, no entanto, foram rejeitadas pelos empresários.

Com a negativa, o contrato do aterro com a prefeitura foi rescindido: “Diante da recusa do declarante [Moisés], os interlocutores se mostraram muito irritados, chegando a bater na mesa e afirmaram que partiriam para o plano B, informando ao prefeito. Logo após esta reunião, que aconteceu às 8h e durou cerca de 20 minutos, a sua empresa foi invadida pela Guarda Municipal, utilizando-se de aproximadamente uns 30 veículos caracterizados e não caracterizados, inclusive por pessoas portando arma de fogo”, relatou o empresário.

Waguinho e Canella foram alvos da Operação Metano em abril de 2019. A ação tinha como objetivo afastar o prefeito e outros servidores de suas funções.

“Foram produzidos sólidos elementos de prova que apontam, por cruzamento de dados, vínculos subjetivos entre todos os agentes denunciados, públicos e privados – em especial, por meio de pessoas jurídicas contratadas -, além de análise pericial de superfaturamento nos contratos, oitiva de diversas testemunhas, diligências policiais de campo, comparativo de gastos públicos orçamentários, relatórios de inteligência financeira, etc., todos convergentes quanto à evidência de crimes gravíssimos perpetrados contra a Administração Pública por obra dos ora denunciados, responsáveis por desfalques milionários no erário municipal”, diz a denúncia.

Civis com vestimentas militares

Uma testemunha, identificada como José Batista Filho, ouvida pelos investigadores, relatou que presenciou operações da Guarda Municipal de Belford Roxo, semelhantes à operações policiais, com a presença de civis “descaracterizados, porém, com vestimentas do tipo militar, não oficiais”. Ele afirmou ainda que os civis portavam armas de fogo.

Waguinho, Márcio Canella e a ministra Daniela Caneiro ainda não se pronunciaram sobre o caso.

Estadão Conteúdo

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