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Política & Poder

Escolha de favorito no Exército muda escala de promoções na Força

Na atual crise de destituição dos comandantes, o caso do Exército é o mais complexo -as regras, em si, valem para todas as Forças

Redação Jornal de Brasília

30/03/2021 18h52

Foto: Divulgação

Igor Gielow
São Paulo, SP

A mudança nos comandos de Força brasileiros tem implicação em toda a escala de promoção de oficiais-generais.
Por isso há a praxe de que são promovidos a comandante apenas 1 dos 3 militares mais longevos da corporação, para tentar influir o menos possível no processo. Por vezes, contudo, turmas inteiras de oficiais-generais são preteridas.

Na atual crise de destituição dos comandantes, o caso do Exército é o mais complexo -as regras, em si, valem para todas as Forças. Tudo passa pelo sistema que leva coronéis para o nível de general de brigada (duas estrelas), para depois disputar vaga de general de divisão (três estrelas) e, por fim, general de exército (quatro estrelas).

Se um militar for promovido para os três postos, ele pode ficar no máximo 12 anos como general, o que faz uma divisão mais ou menos equânime ser aplicada. Além das promoções normais, em duas ou três ocasiões anuais, há eventos exógenos –morte, saída a pedido ou, como agora, troca de comando.

Assim, para cada turma de cerca de 400 alunos da Aman (Academia Militar das Agulhas Negras), apenas 4 chegam ao topo da hierarquia.

Nesta quarta (31), o general de exército Decio Schons (Departamento de Ciência e Tecnologia) irá para a reserva.
Até aqui, o favorito ventilado pelo Palácio do Planalto para ocupar a vaga do comandante Edson Leal Pujol é o chefe militar do Nordeste, Marco Antônio Freire Gomes.

Ocorre que ele é o quinto mais longevo do Alto-Comando, colegiado de 15 chefes militares que respondem ao comandante, sempre um general de quatro estrelas que vai para a reserva quando assume o cargo. Se for escolhido, os 4 generais mais antigos, como se diz nas Forças, têm de obrigatoriamente passar à reserva –o comandante sempre é o com mais tempo de caserna.

Com isso, começa um desequilíbrio. Organicamente, o Alto-Comando receberia 3 novos generais (2 agora e 1 em agosto), completando o quadro dos promovidos da turma de 1983.

Quem não é promovido tem de ir para a reserva, compulsoriamente. No nível de general de divisão, seriam 6 neste ano. Se houver mais 5 vagas no Alto-Comando, dado que Freire Gomes também vai para a reserva, será preciso começar a promover a turma de 1984 -deixando precocemente para fora do Exército generais que poderiam ter mais anos de serviço.

Aí a questão se sucede, obrigando acelerar promoções do primeiro nível do generalato e, consequentemente, para os coronéis que o alimentam. É também por isso que militares torcem o nariz quando o assunto é troca de comando, pois planejamentos de carreira todos são feitos baseados nessa previsibilidade.

As informações são da Folhapress

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