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Política & Poder

Embaixada brasileira cancela evento com autor de livro que critica governo Bolsonaro

O evento iria ocorrer na sede da Secretaria Geral Iberoamericana (Segib), uma das organizadoras

FolhaPress

16/09/2022 15h20

Foto: Agência Brasil

Mônica Bergamo
São Paulo, SP

A embaixada do Brasil em Madri, na Espanha, cancelou um evento programado desde maio com o jornalista e escritor Paulo Roberto Pires, editor da revista Serrote. O autor já estava na cidade quando foi informado que o encontro, marcado para quinta (15), havia sido suspenso.

Pires diz que o episódio ocorreu 24 horas depois de ele ter incluído em sua biografia do programa do evento que era autor do livro “Diante do Fascismo – Crônicas de um País à Beira do Abismo”. A obra aborda a ascensão de Jair Bolsonaro (PL) à Presidência e critica o governo federal.

O autor entrevistaria a escritora portuguesa Isabel Lucas em um encontro sobre os 200 anos da Independência, promovido pelo Instituto Camões e pela embaixada de Portugal, que custeou a ida do brasileiro ao país.

O evento iria ocorrer na sede da Secretaria Geral Iberoamericana (Segib), uma das organizadoras. A embaixada do Brasil pediu que a Segib cancelasse a agenda sob a justificativa de que o embaixador Orlando Leite Ribeiro não poderia mais participar.

A Segib acatou a solicitação do governo brasileiro unilateralmente, sem o aval dos outros organizadores. Pires, que embarcou do Rio de Janeiro apenas para participar do encontro, denunciou o episódio nas redes sociais.

A portuguesa Isabel Lucas também condenou o ocorrido. A escritora afirma à coluna que recebeu a notícia na véspera da data em que viajaria para a Espanha.

“Fui informada pela embaixada portuguesa que o governo brasileiro pediu o adiamento do evento, mas sem propor uma nova data. A pessoa [que deu a notícia] estava tão perplexa quanto eu fiquei. O evento estava sendo organizado há meses, com toda a gente informada”.

E segue: “Gostaria de [receber] uma explicação plausível pois havia muita gente e dinheiro envolvido nisso”.

Procurados, o Itamaraty e a Segib não responderam ao pedido de comentário.

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