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Política & Poder

Em alerta, Planalto e centrão apostam na economia para Bolsonaro enfrentar Lula em 2022

O ex-presidente Lula lidera a corrida para a Presidência com margem confortável no primeiro turno e venceria Bolsonaro

Redação Jornal de Brasília

13/05/2021 10h50

Foto: Alan Santos/PR

Julia Chaib, Ricardo Della Coletta e Washington Luiz
Brasília, DF

A pesquisa Datafolha para a corrida presidencial em 2022, divulgada nesta quarta-feira (12), deixou o Palácio do Planalto e congressistas do centrão em alerta.

Segundo o levantamento, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera a corrida para a Presidência com margem confortável no primeiro turno e venceria o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na segunda etapa.

O petista alcança 41% das intenções de voto no primeiro turno, contra 23% de Bolsonaro. O ex-presidente venceria o segundo turno das eleições com 55% dos votos, contra 32% do presidente.

Além disso, o governo Bolsonaro tem a aprovação de 24% dos brasileiros, a pior marca de seu mandato até aqui, segundo a pesquisa. O percentual dos que consideram a gestão ótima ou boa era de 30% em março, quando foi feito o levantamento anterior.

Os que rejeitam o governo, considerando-o ruim ou péssimo, eram 44% e são 45% na nova pesquisa, realizada nesta terça (11) e quarta (12), com 2.071 entrevistas presenciais em 146 municípios de todo o Brasil. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.

No Congresso, representantes de siglas que dão sustentação ao governo afirmam que manterão o apoio a Bolsonaro. Eles, no entanto, ressaltaram a necessidade de se buscar uma agenda positiva.

Integrantes da cúpula do PP, por exemplo, o maior partido do centrão, apostam que haverá uma retomada econômica e o lançamento de um novo programa social no próximo ano.

Esse entendimento é semelhante ao de assessores do Palácio do Planalto. Internamente, eles esperam que o avanço da vacinação contribua para impulsionar o crescimento da economia nos próximos meses.

Se isso ocorrer, haverá uma melhora na popularidade do presidente e uma vitória relativamente fácil, avaliam congressistas.

Apesar de se manterem otimistas, pessoas ligadas ao presidente reconhecem o desgaste do governo e consideram que a agonia de popularidade de Bolsonaro se deve à economia em paralisia, desemprego, inflação e pandemia.
Questionado nesta quarta, o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) destacou que ainda falta muito tempo para as eleições.

“Falta quanto tempo para a eleição? Um ano e meio. Então tem muita água para rolar aí, vamos aguardar. Tem que ter paciência”, disse, ao deixar o gabinete da Vice-Presidência.

O governo também enfrenta o desgaste provocado pela CPI da Covid.

Nesta semana, os depoimentos do diretor-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antonio Barra Torres, e do ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngarten ao colegiado deixou o presidente acuado.
A pesquisa Datafolha mostra ainda que temas relacionados à situação que o país enfrenta por causa do coronavírus têm abalado a imagem de Bolsonaro.

Entre os que declaram estar vivendo normalmente durante a pandemia, ele tem 36% das intenções de voto, um empate técnico com Lula (33%). Do outro lado, aqueles que dizem estar totalmente isolados apoiam Lula de forma maciça (58%), contra apenas 8%, Bolsonaro.

Outro dado negativo para o atual chefe do Executivo constatado no levantamento é a rejeição. De acordo com a pesquisa, Bolsonaro tem o maior índice entre todos os adversários.

Se considerado apenas o Nordeste, o índice é de 62%. Em seguida, aparecem Lula, com 36%, João Doria (PSDB), com 30%, e Luciano Huck (sem partido), que tem 29%.

Diante desse cenário, o Planalto teme que novas pesquisas repitam os resultados apontados pelo Datafolha e causem um processo de perda de apoio do Bolsonaro junto ao centrão.

Para tentar reverter a situação, nomes ligados ao presidente defendem o uso das redes bolsonaristas para desqualificar a pesquisa e destacar que ela difere muito de levantamentos recentes, que mostram Lula e Bolsonaro em disputa acirrada.

De maneira geral, líderes do centrão avaliam que a sociedade está polarizada e que não deve surgir um terceiro nome como uma nova via na eleição de 2022.

O Datafolha mostrou um terceiro lugar embolado no primeiro turno, em que aparecem o ex-ministro da Justiça Sergio Moro (sem partido), com 7%, o ex-ministro da Integração Ciro Gomes (PDT), com 6%, Huck, com 4%, Doria (PSDB), que obtém 3%, e, empatados com 2%, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM) e o empresário João Amoêdo (Novo).

Para congressistas, esse cenário pode colaborar com a eleição de Bolsonaro.

A possibilidade de um terceiro nome para tentar ganhar a disputa é defendida pelo PSD, que tem se afastado do governo. Senadores e deputados da legenda dizem que é possível surgir outros nomes na disputa e afirmam que o partido trabalha para ter candidatura própria.

O PL, no entanto, que também que integra o centrão, ficou dividido. Embora esteja na base de Bolsonaro, integrantes do partido apostam no crescimento ainda maior de Lula e começam a pregar um apoio ao PT no próximo ano.

O ex-presidente já iniciou as articulações para tentar recuperar o apoio de legendas consideradas peças-chaves para a eleição de 2022.

Após ter sido imunizado com as duas doses contra a Covid-19, Lula viajou a Brasília na semana passada, onde teve encontros com representantes de diversos partidos.

Além de contatos com a esquerda, ele também conversou com líderes do centrão e até do MDB, partido que capitaneou o impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016.

As informações são da FolhaPress

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