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Política & Poder

Diplomatas criticam critérios de promoção no Itamaraty na gestão Lula

Há menos de um mês, a insatisfação chegou à mesa da secretária-geral da Casa, Maria Laura da Rocha, em um documento de cinco páginas

Redação Jornal de Brasília

21/11/2023 22h52

Palácio do Itamaraty na Esplanada dos Ministérios/ Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Brasília, 21 – Um grupo de diplomatas cada vez maior tem reclamado dos critérios de promoções e de ascensão na carreira no Itamaraty. As queixas já não dizem mais respeito apenas ao número reduzido de mulheres que atingem os altos postos. Mas ganharam corpo e se ampliaram atingindo, em especial, os preceitos e normas que determinam a trajetória de cada um.

Há menos de um mês, a insatisfação chegou à mesa da secretária-geral da Casa, Maria Laura da Rocha, em um documento de cinco páginas que arrola as maiores discordâncias.

“A carreira de diplomata, em sua atual configuração, apresenta distorções no reconhecimento do mérito individual de seus integrantes que prejudicam o desempenho profissional”, diz o texto, que fala em “desincentivos para a lotação em Brasília”, além de “favorecimento de número reduzido de servidores, desequilíbrios de gênero e de raça e etarismo”.

Na última semana, a Assembleia-Geral da Associação e Sindicato dos Diplomatas Brasileiros (ADB), organização que conta com mais de 1,6 mil associados, endossou o documento “Fluxo e Reforma da Carreira de Diplomata” como diretriz a ser seguida em futuras negociações. Aponta a “existência de obstrução quase completa à promoção de secretários e conselheiros aos níveis hierárquicos mais elevados da carreira de diplomata e de risco de perda de carreira para membros mais antigos dessas classes”.

Como solução, propõe maior transparência das decisões tomadas pela Comissão de Promoções, além de adoção de uma reforma estrutural da carreira, como a progressão funcional “previsível, transparente e equânime”, e a criação de mecanismos para combater o desequilíbrio de gênero e de raça, entre outras.

Os mais de 300 diplomatas que assinam o documento acreditam que, se houve melhora em relação ao período do chanceler Ernesto Araújo – durante o qual ocorreram as mais duras perseguições ideológicas da história recente da instituição -, por outro lado, distorções de diferente natureza passaram a atingir os degraus mais baixos da carreira.

Outros documentos que têm circulado tocam no mesmo tema argumentando que, apesar de certas expectativas da classe de que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pudesse revalorizar o Itamaraty, após o que consideram destruição da política externa sob o governo Bolsonaro, os dois ciclos de promoções de 2023 representaram uma ducha de água fria. “Os diplomatas, lotados em número recorde, na presidência da República (divididos entre a Assessoria Especial (…) e aqueles no Cerimonial, foram contemplados num volume inédito de promoções, desprezando-se a lista da Comissão de Promoções”.

‘Diálogo’

Procurado, o Ministério das Relações Exteriores comentou as críticas e os mecanismos de promoção: “Manifestações e sugestões de mudanças fazem parte de um diálogo institucional iniciado pela atual administração em janeiro deste ano e fazem parte de uma reflexão coletiva sobre o a carreira diplomática e a lei que rege o serviço exterior brasileiro”.

Estadão Conteúdo

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