Menu
Política & Poder

Delator relata almoço com Gim e Vital do Rêgo para poupar empreiteiras

Arquivo Geral

09/05/2016 11h31

Gustavo Barreto, um dos executivos da Andrade Gutierrez que fecharam delação premiada com a Procuradoria-Geral da República, relatou um almoço em junho de 2014, na casa do ex-senador Gim Argello (PTB-DF), com a presença do então senador do PMDB da Paraíba Vital do Rêgo – hoje ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) -, para “não prejudicar as empreiteiras”.

O encontro, segundo os investigadores, tinha como objetivo acertar esquema de cobrança de propina para livrar empreiteiros de convocações das CPIs do Senado e mista (Senado e Câmara dos Deputados) da Petrobras. Vital do Rêgo era presidente da CPI Mista da Petrobras e Argello, membro da CPI do Senado e vice-presidente da CPMI. Teriam participado do encontro ainda Cláudio Melo Filho, da Odebrecht, e José Adelmário Pinheiro, o Léo Pinheiro, e Roberto Zardi, estes da OAS.

As informações constam de nova denúncia contra o ex-senador Gim Argello, preso em abril pela Lava Jato.

“Como relatado por Gustavo Barreto, executivo da Andrade Gutierres, foi efetuado um almoço na residência de Gim Argello, com a presença de Cláudio Melo Filho, representando a Odebrecht, em meados de junho de 2014, no qual foram tratadas questões relacionadas à CPI do Senado e CPI Mista por parte do parlamentar, que salientou que a ideia não era prejudicar as empreiteiras. Nesse almoço estavam também presentes Léo Pinheiro, Roberto Zardi, da OAS, e o então senador Vital do Rêgo”, aponta denúncia contra Gim Argello e mais nove investigados, entre eles o ex-presidente da Odebrecht Marcelo Odebrecht, preso em junho do ano passado.

Como ministro do TCU, Vital do Rêgo tem direito a foro privilegiado. O ex-senador peemedebista é alvo de pedido de investigação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. A solicitação de inquérito tem como base a delação do senador Delcídio Amaral (ex-PT-MS).

Ex-líder do governo, Delcídio afirmou que Vital do Rêgo, entre outros, “cobrava pedágios” para não convocar e “evitar” maiores investigações sobre “Léo Pinheiro, Julio Camargo e Ricardo Pessoa”.

Julio Camargo era lobista de multinacionais junto à Petrobras. Ricardo Pessoa era presidente da UTC Engenharia e, segundo as investigações, presidiu o club vip do cartel das empreiteiras que se instalaram na Petrobras.

A força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, que investiga a participação de Gim no esquema, afirma que, entre abril e maio de 2014, ele fez “diversos contatos” com Cláudio Melo Filho, funcionário do Grupo Odebrecht, e cobrou “pagamento de vantagem indevida no valor de R$ 5 milhões, a fim de tutelar interesses próprios e de executivos do Grupo Odebrecht, no sentido de evitar a convocação de empresários desse Grupo para depor na CPI do Senado e na CPI Mista”.

“Por sua vez, Cláudio Melo Filho, com a chancela e a autorização de Marcelo Bahia Odebrecht, com o intuito de zelar pelos executivos do Grupo Odebrecht para que não fossem convocados a depor no Parlamento, ofereceu e prometeu o pagamento da vantagem indevida no valor de R$ 5 milhões a Gim Argello, promessa que restou imediatamente aceita pelo então senador”, sustentam os procuradores.

O Ministério Público Federal identificou “vários contatos telefônicos” mantidos entre Cláudio Melo Filho e Gim Argello nos dias 19 de abril de 2014, 22 de abril de 2014, 5 de junho de 14, 24 de junho de 2014, 9 de julho de 2014, 18 de julho de 2014, 21 de agosto de 2014, 8 de setembro de 2014, 11 de setembro de 14, “época em que instavam instaladas as Comissões Parlamentares de Inquérito”.

“A importância de Cláudio Melo Filho no âmbito do Grupo Odebrecht e, mais ainda, a proximidade e a relação de confiança que se estabelece entre ele e Marcelo Odebrecht pode ser depreendida não apenas em decorrência de ser aquele o suplente desse em diversos Conselhos de Administração no âmbito do Grupo Odebrecht, mas, ainda, do teor dos e-mails apreendidos na sede da empreiteira”, afirma a força-tarefa.

A reportagem procurou o ministro Vital do Rêgo, por meio do TCU, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem. A OAS, a Odebrecht e a UTC não comentarão o assunto.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado