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Política & Poder

CPI: Governo responsabiliza gestão estadual e empresa por crise em Manaus

Campêlo informou ter ligado para Pazuello solicitando apoio logístico para envio de cilindros de oxigênio de Belém para Manaus em janeiro

Redação Jornal de Brasília

15/06/2021 17h47

Foto: Agência Senado

A base do governo do presidente Jair Bolsonaro apontou responsabilidades do governo do Amazonas e da empresa White Martins no colapso do sistema de saúde em Manaus, no início do ano. A crise, provocada pela falta de oxigênio para atender pacientes do novo coronavírus, é um dos fatos investigados pela CPI da Covid. Integrantes da comissão, porém, apontam omissão do governo federal no episódio.

Durante depoimento na CPI, nesta terça-feira, 15, o ex-secretário de Saúde do Amazonas Marcellus Campêlo informou ter ligado para o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, solicitando apoio logístico para envio de cilindros de oxigênio de Belém para Manaus no dia 7 de Janeiro. O envio da primeira remessa foi viabilizada no dia seguinte, de acordo com Campêlo. Pazuello argumenta que só soube da iminente falta de oxigênio no dia 10.

“A narrativa aqui é que parece que há uma eternidade entre o contato e a resposta do ministro e, quando a gente está diante dos fatos, verifica que não é bem assim”, disse o senador Marcos Rogério (DEM-RO), aliado de Bolsonaro. “Na ligação, não havia o colapso caracterizado. Isso se deu quando a White Martins não fez a entrega do que tinha acordado com o governo do Estado”, disse o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE). “Isso tem que ser investigado.”

A versão da tropa de choque do governo federal foi contestada pelo presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM). “Quando o governo do Amazonas comunica ao governo federal, dia 7, que precisava transportar oxigênio, era porque alguma coisa já não estava normal”, disse Aziz, afirmando que o líder do governo estava fazendo uma “defesa brilhante” do Executivo federal e do ex-ministro Eduardo Pazuello.

Campêlo divergiu da base do governo ao falar sobre quando encaminhou ao Ministério da Saúde o alerta da empresa White Martins sobre a falta de fornecimento. O secretário diz ter enviado o comunicado à pasta no dia 8. O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), porém, argumenta que esse e-mail só chegou ao ministério no dia 16. Documentos da empresa White Martins, por outro lado, mostram que, além dos alertas feitos em janeiro, a empresa avisou a administração estadual sobre o aumento da demanda em julho e em setembro do ano passado.

Em nota, a White Martins reforçou que avisou a gestão estadual em julho e setembro do ano passado sobre o volume de oxigênio consumido acima do contratado, sem ter tido retorno formal. A companhia argumenta ainda que, no dia 7 de janeiro de 2021, comunicou à secretaria do Amazonas a necessidade de esforços adicionais para suprir a demanda “crescente e descontrolada” de oxigênio acima da capacidade de produção da empresa. “Cabe ressaltar que a White Martins não recebeu da Secretaria Estadual de Saúde informação prévia a respeito de aumento da demanda de oxigênio para as instituições do Estado. Como uma mera fornecedora, a empresa reforça que não tem dever ou qualificação técnica para fazer a gestão da saúde pública”, diz a nota.

Estadão Conteúdo

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