Brasília, 27 – A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Movimento dos Sem Terra (MST) encerrou os trabalhos ontem sem votar o relatório apresentado pelo relator, deputado Ricardo Salles (PL-SP). Integrantes do colegiado acusaram governo e Centrão de fazer “manobras” para atrapalhar os trabalhos da CPI e disseram que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), não cumpriu o compromisso de garantir a votação.
“Este governo federal joga baixo e cobrou a conta dos partidos governistas e dos cargos entregues. Isso prejudicou diretamente a aprovação do relatório”, disse o presidente da CPI, Tenente-Coronel Zucco (Republicanos-RS). Salles afirmou que, mesmo assim, o documento final será enviado à Procuradoria-Geral da República (PGR), à Procuradoria-Geral Eleitoral e ao Tribunal de Contas da União (TCU).
Diversos deputados da oposição elogiaram o trabalho feito na CPI, ainda que o objetivo final, a aprovação do relatório, não tenha sido alcançado. Tanto Zucco como Salles acreditavam que conseguiriam aprovar o documento. “Se tivesse sido submetido à votação ontem (anteontem), teria sido aprovado, mas, infelizmente, as manobras regimentais não permitiram que isso acontecesse”, declarou Salles. O documento do relator pede o indiciamento de 11 pessoas, entre elas o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Marco Edson Gonçalves Dias, e o líder da Frente Nacional de Lutas, José Rainha.
Negociação
Salles havia feito concessões ao Centrão para tentar a aprovação O nome do deputado Valmir Assunção (PT-BA) foi retirado da lista de indiciados. Líderes disseram que o indiciamento poderia resultar na cassação do parlamentar e abriria brecha para a condenação de outros congressistas no futuro.
Zucco e o vice-presidente da CPI, Kim Kataguiri (União Brasil-SP), conversaram com o líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA), para buscar votos favoráveis ao parecer final. Faltava falar com Lira. Integrantes da CPI relataram que ele assegurou que daria o prazo necessário para que o relatório pudesse ser votado, o que não aconteceu.
Prazo
O relatório de Salles chegou a ser lido, mas um pedido coletivo de mais tempo para análise adiou a votação. Concedido o prazo, seriam necessárias duas reuniões para que a matéria pudesse ser votada.
No entanto, como a Câmara não realizou reuniões nem na sexta-feira nem na segunda, restou apenas a terça-feira passada – último dia da CPI – para apreciação do relatório. Em um dia, o colegiado não pôde realizar a votação.
Estadão Conteúdo