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Política & Poder

CPI do INSS tenta recuperar relevância após PF prender Alessandro Stefanutto

Prisão de ex-presidente do INSS e buscas contra ex-ministro e deputado impulsionam investigação; aliados de Lula apontam fraude de gestões passadas, enquanto oposição reivindica méritos da CPI

Redação Jornal de Brasília

13/11/2025 13h04

Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

CAIO SPECHOTO
FOLHAPRESS

A cúpula da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investiga os descontos irregulares em aposentadorias do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) tenta recolocar o colegiado no centro do debate político depois da nova operação da PF (Polícia Federal).

Nesta quinta-feira (13), a polícia prendeu o ex-presidente do INSS Alessandro Stefanutto e fez buscas contra o ex-ministro da Previdência Ahmed Mohamad Oliveira (que antes se chamava José Carlos Oliveira) e contra o deputado federal Euclydes Pettersen (Republicanos-MG).

O presidente do colegiado, Carlos Viana (Podemos-MG), disse que os próximos passos da comissão serão no sentido de investigar conexões políticas do esquema de descontos ilegais. Outros integrantes do colegiado ouvidos reservadamente pela reportagem afirmam que é necessário aguardar os resultados das buscas da PF para decidir o que fazer.

Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reforçaram o discurso de que as fraudes foram causadas por uma organização criminosa que tomou conta do INSS por meio de diversas gestões e que só Lula investigou.

Opositores ouvidos reservadamente pela reportagem ficaram satisfeitos com o ganho de exposição midiática e de potencial em redes sociais que a operação da PF deu à CPI. Apesar disso, avaliam que ela não foi de todo ruim para os aliados de Lula, uma vez que também atingiu Oliveira, que foi ministro de Jair Bolsonaro (PL).

Ao longo das últimas semanas, integrantes do colegiado vinham demonstrando, nos bastidores, descontentamento com o que classificavam como falta de rumo da investigação. Ao mesmo tempo, a bancada governista se organizou e passou a vencer as votações do colegiado, impedindo a aprovação de requerimentos de convocação com mais chances de causar desgastes ao Planalto.

Além disso, os diversos habeas corpus concedidos por ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) a depoentes, que permitiram que perguntas não fossem respondidas nas oitivas, vinham frustrando a cúpula da CPI.

Viana disse que a operação prendeu integrantes do principal núcleo de desvios. Apesar de a ação ter sido realizada pela Polícia Federal, depois de autorização do STF, ele reivindicou méritos para o colegiado que preside.

“Isso mostra claramente que estamos no caminho certo dando resposta ao povo brasileiro. Minha indignação em dizer, quando as pessoas, desde o início, falavam que CPI não daria em nada, que CPI era apenas mais um momento teatral”, declarou o senador.

A fala de Viana em público é alinhada com uma tese defendida reservadamente por integrantes da oposição, a de que o colegiado força a Polícia Federal a não abafar as investigações.

O presidente do colegiado disse que, nas próximas reuniões, passará a colocar todos os requerimentos em votação, sem buscas por consenso. Hoje, as votações são combinadas antes com representantes do governo e da oposição, e diversos requerimentos deixam de ser deliberados.

O líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), disse que a operação da PF mostra a relevância do colegiado. Também criticou a gestão Lula. “Essa CPI foi cercada de todas as formas para impedir o avanço das investigações, estamos vendo aqui a blindagem que o governo tenta estabelecer a cada reunião”, declarou.

O coordenador da bancada governista na comissão, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), afirmou que os descontos ilegais foram facilitados por ações do governo Bolsonaro.

“A partir do momento em que a Polícia Federal teve independência para agir, que a CGU [Controladoria Geral da República] teve independência para agir, nós iniciamos um processo de desbaratar uma quadrilha que tomou de assalto o INSS”, disse Pimenta.

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