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Política & Poder

Candidatos ao Senado trocam farpas em debate

Arquivo Geral

03/10/2018 7h00

Atualizada 02/10/2018 23h26

Debate com os candidatos ao senado, realizado pelo Jornal de Brasília. Wasny de Roure, Cristovam Buarque, Izalci Lucas, Chico Leite, Fadi Faraj. Leila do Volei não compareceu. Foto: Matheus Albanez/Jornal de Brasília.

Francisco Dutra
francisco.dutra@grupojbr.com

Cinco candidatos competitivos na corrida pelas duas vagas brasilienses para o Senado Federal travaram duelos de propostas e ideologias, no debate promovido pelo Jornal de Brasília e o Conselho Federal de Administração. O confronto passou por temas como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Teto dos Gastos Públicos, liberação das drogas, religião na política, ideologia de gênero e redução da maioridade penal.

Participaram do embate o postulante à reeleição senador Cristovam Buarque (PPS), o deputado federal Izalci Lucas (PSDB), o deputado distrital Chico Leite (Rede), o deputado distrital Wasny de Roure (PT) e o pastor e suplente do senador José Antônio Machado Reguffe, atualmente sem partido, Fadi Faraj (PRP). A candidata e ex-secretária de Esportes, Turismo e Lazer do governo Rollemberg (PSB), Leila do Vôlei (PSB). Todavia, a ex-atleta da seleção brasileira de Vôlei não quis participar.

Wasny de Roure criticou fortemente o voto favorável de membros da bancada brasiliense para a aprovação da PEC do Teto, especialmente pela redução dos gastos em Educação. E neste discurso endereçou a reprovação ao senador Cristovam Buarque, que rebateu as alegações. Segundo Buarque, o orçamento do Ministério da Educação vem aumentando, após a PEC. O deputado revidou expondo o drama da falta de dinheiro na Universidade de Brasília (UnB) e na Saúde Pública do DF, em função da emenda.

“A Saúde do DF perdeu aproximadamente R$ 100 milhões. Isso não é pouca coisa. Eu estou falando de vidas, de esperança. O senhor sempre defendeu a criança e o jovem possam ter acesso. Hoje temos déficit nas escolas, hospitais e creches”, afirmou Wasny. O parlamentar petista ainda alfinetou o senador alegando que ele estaria preocupado em equacionar o problema do presidente Michel Temer (MDB). “É necessário caminhar nessa cidade e para isso o senhor se ausentou”, bradou.

Buarque não deixou barato. “O senhor que votou no Temer, por quatro vezes. Não fui eu. Eu votei contra a irreponsabilidade fiscal. Mas o Temer foi o senhor que votou”, afirmou lembrando que o PT e MDB foram aliados nos governos dos ex-presidente Lula (PT) e Dilma Rousseff (PT). “Agora sou contra a ilusão, que o senhor apoio, que dava para fazer essa maluquice criminosa do Estádio Mané Garrincha. Chegou a hora da verdade”, declarou Buarque.

Segundo o senador, a emenda racionaliza os gastos públicos. e acaba com a “farra” de aumentos salariais e benefícios indiscriminados para servidores públicos. O gestor precisa escolher se aumenta os gastos com a folha ou se faz investimentos. Afinal, os recursos dos cofres públicos são limitados e condicionados a melhora ou piora da arrecadação do Estado.

Wasny não aceitou os argumentos de Buarque. Sobre o estádio, o petista jogou a responsabilidade para o ex-governador Agnelo Queiroz (PT).

Blindar presidente vira polêmica

Defendendo o fim da blindagem da Presidência da Republica pelo Congresso Nacional em caso de denúncia, Chico Leite questionou por que Izalci Lucas votou contra o prosseguimento das recentes denúncias contra o presidente Temer. Caso eleito, o distrital pretende batalhar pelo fim desse sistema.

Izalci lembrou que “ nos primeiros dois anos, quando você tem um questionamento a nova eleição é feita. Após o segundo ano, a votação é dos deputados. Quem está na Câmara, que participa e conhece, sabe o que seria novo impeachment naquele momento do País. E agora está aí. Dia 1º de janeiro, Temer irá responder na 1ª Instância. Naquele momento a ação iria para o Supremo Tribunal Federal. E você sabe que as ações lá levam anos e anos. E seria muito ruim para o país”, argumentou.

Segundo o tucano, uma eleição indireta no Congresso poderia levar à eleição de um novo nome do PT, mesmo após o processo de afastamento da ex-presidente Dilma Rousseff, cujo impeachment é chamado por grande parte da esquerda como um “golpe”.

Descriminalização de drogas abre debate sobre fracasso da repressão

O embate sobre descriminalização, ou não, das drogas foi travado entre Fadi Faraj e Cristovam Buarque. O pastor é radicalmente contra a liberação, enquanto o senador é favor de se abrir processo de revisão, mas mantendo o consumo proibido até a produção de uma solução de consenso.

“O senhor não foi claro sobre a liberação da maconha. Ou seja, o senhor é favor ou é contra? Esse assunto vai ser colocado agora e vai ser colocado depois. E nós vimos os malefícios que as drogas fazem. Gostaria de saber qual é sua posição? O senhor é a favor da liberação da maconha ou não?”, questinou o pastor.

Cristovam alegou que toda solução depende do diálogo. “O senhor vai aprender no Senado que tudo depende do debate. A pessoa que chega lá e fala “sou favorável” ou “sou contra e não converso”, não vai ser um bom senador”, criticou. Segundo Cristovam, hoje liberação é impossível porque a sociedade não sabe claramente o impacto.

Por outro lado, Cristovam argumentou que o “proibicionismo” atual gera efeitos colaterais nocivos. “O menino que é preso carregando uma porção de maconha é preso e vai virar um traficante na cadeia. Está bom isso? Está bom incentivar o crime e o tráfico por um proibicionismo? Para o senhor que é sim ou não, está bom ou não? Para mim não está bom mas não tenho ainda o que colocar no lugar”, disse Buarque.

Fadi contra-argumentou, alegando manter um trabalho de 30 anos com recuperação de pessoas. “Não é proibicionismo. É protecionismo dos nossos filhos, das nossas crianças. Não é legal puxar um baseado. Isso acaba no crack. E quando ele pega esse vício, eu sei o que é recuperar. Eu seu o que uma família ser sequestrada por esse vício. Os pais que têm condição de pagar uma clínica pagam. Mas a maioria não têm condição”, comentou.

Outro ponto quente do debate foi a recente reforma regional da Previdência (Iprev), promovida pelo governo Rollemberg. Wasny de Roure questionou o voto favorável de Chico Leite. Segundo o petista, a reforma não segura e aposentadoria dos servidores está em risco.

“O debate no DF é de sustentabilidade da Previdência. Eu sempre tive um mandato independente. Em 2016, votei em 52% favorável ao governo. Vossa excelência votou 78% favorável”, justificou Leite, argumentando que o voto foi impopular mas necessário para equilibrar as contas públicas do DF. “No Senado não vou me esconder do debate”, prometeu.

“Chico eu fico admirado. Conheço sua história e a respeito. Mas é importante fazer a autocrítica. Porque foi exatamente essa negociação que levou o DF a ter o seu Certificado de Regularidade Previdenciária suspenso pelo próprio Governo Federal. O que demonstra uma operação irregular, desfavorável ao servidor público”, opinou o petista.

Para Wasny, o futuro da Previdência local ficou incerto com a manobra orçamentária. “E aí se destrói todo um projeto de Previdência construído por anos, para poder viabilizar um projeto de governo, para ter recursos para investir em caráter essencialmente eleitoreiro. Porque era o último ano de governo. E era o que Rollemberg pretendia fazer: obras para poder captar votos”, denunciou.

Depoimentos

                     


Saiba Mais

O Jornal de Brasília estabeleceu como critério para convidar os participantes a seleção dos seis candidatos com as maiores intenções do voto nas pesquisas.

Leila do Vôlei (PSB) figura nos últimos levantamentos como líder das pesquisas. Neste sentido, a decisão da candidata de não participar do debate lembra com as devidas ressalvas a estratégia do então candidato para o Senado pelo PDT, Reguffe, em 2014. Ele evitou debates para não sofrer desgastes no embate com rivais. Foi eleito.

Izalci Lucas reforçou diversas vezes no debate que irá trabalhar para aumentar a captação de recursos para o DF, independente de quem seja vitorioso. Segundo o tucano, grande parte do dinheiro se transforma em obras e projetos pela falta de eficiência do GDF.

Chico Leite promete reforçar o combate contra a corrupção. Uma delas é colocar a exigência de ficha limpa para todo o Serviço Público na Constituição.

Buarque assumiu o compromisso e levar para votação um projeto para reforçar a Lei Maria da Penha. Pela proposta, o agressor terá os bens sequestrados e transferidos para a vítima. Algo entre 20% e 80%, conforme a agressão.

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