Em sua segunda aventura eleitoral, o empresário Jaime Recena (PSB) tenta um voo alto, com a candidatura a deputado federal. Quatro anos atrás o cargo escolhido foi deputado distrital, sem sucesso. Ele aposta em políticas para incentivar o empreendedorismo, para que o Brasil cresça e a população — em especial do Distrito Federal — não dependa tanto de empregos no serviço público. Mesmo assim, Recena não chega a ser radical. “Não sou contra, porque é a forma mais correta da pessoa entrar no serviço público. O que eu defendo é que se crie uma alternativa para os jovens que estão se formando e não vão conseguir passar em concursos. É uma equação muito fácil. O Estado não pode ser o grande empregador do País”, opinou. A reforma tributária também é vista pelo candidato, que trabalha no setor de bares e restaurantes, como uma mudança necessária para que o desenvolvimento seja mais pleno. Uma das propostas é a revisão do Simples Nacional, com revisão no teto de faturamento.
Quais são suas principais bandeiras?
Eu defendo uma visão de país mais empreendedor, com menos burocracia, reformas tributária e política, que se fazem necessárias. E eu acho que dessa forma é possível construir um país socialmente mais justo. Enquanto deputado eleito por Brasília, vou lutar para fortalecer o turismo no DF, que é uma das vocações. Comércio e serviços é aonde você tem a maior quantidade de empregos e arrecadação. Aonde o serviço tem mais relevância é na área do turismo e Brasília tem essa vocação, por ser a capital do País, com patrimônio histórico da humanidade, arquitetura diferente, uma cidade planejada, terceiro maior polo gastronômico do País. A gente precisa investir no turismo. Vamos incentivar todo o desenvolvimento da cultura, da qualidade de vida, do esporte e uma série de coisas que precisam alcançar. Eu acredito que o caminho que o País tem para melhorar economicamente é o investimento em uma visão empreendedora, é incentivando os jovens a exercitarem seu lado empreendedor. O jovem quando se forma tem como sonho passar em um concurso público. Não está errado. Acho que quem tem esse sonho é justo que se busque isso. É preciso entender que não existe vaga para todo mundo que está estudando. Precisamos criar alternativas para quem não conseguir passar e essa alternativa está no ambiente empreendedor. A função de um país não é gerar emprego, mas sim gerar um ambiente econômico favorável para que as pessoas possam empreender e os empregos possam ser gerados. Essa é minha principal batalha, a luta também contra a burocracia, porque ela é a maior aliada da corrupção. O melhor ambiente para a corrupção é o ambiente burocrático, que está em todos os meandros da administração pública.
Muito se fala na necessidade de renovação. Por você ser um candidato jovem, é uma qualidade que está ao seu lado na hora de conquistar os votos?
É importante a renovação, mas não a renovação por renovação. Isso tem que acontecer em torno de propostas e ideias, o que eu defendo hoje, essa ideia de um país mais empreendedor. A renovação tem que acontecer por algum motivo. É importante para o processo democrático. Tem muita gente boa, com propostas boas.
Como a reforma tributária pode ser colocada em prática?
Você pode primeiro buscar mais avanços na Lei Geral do Simples Nacional. Tivemos um avanço recente, com uma nova lei, mas a gente ainda precisa melhorar. Hoje, muitas empresas quando atingem o teto do Simples acabam querendo optando por não investir mais porque o que elas ganhariam crescendo acabariam perdendo em outro regime tributário. É preciso que a gente proponha um ajuste nessa lei, para que haja um período de transição para sair de micro, pequeno para médio e grande ou que exista um novo formato. Isso seria discutido dentro da Lei Geral do Simples. É preciso voltar a se discutir sobre a lei das desonerações da folha de pagamento. Hoje um trabalhador custa muito caro para o empreendedor e o trabalhador acaba não recebendo tudo que ele gostaria. Nenhum dos dois está feliz e esse dinheiro está indo todo para o governo. Temos que propor também novas formas de contratação, como por exemplo, a contratação por hora. É preciso também dar mais transparência para o consumidor em relação ao que ele está pagando. Facilitar o crédito a quem quer empreender, diminuir a burocracia para aquelas empresas que estão partindo para o primeiro negócio. Hoje você tem uma quantidade muito grande de exigências, um processo muito demorado e aqueles empresários que tentam empréstimos com taxas de juros mais atraentes acabam desistindo por conta da burocracia e da demora. Aí, eles se vêem pressionados a pegar dinheiro mais caro. O mesmo banco que às vezes impõe acesso ao FCO, te fala “você está tendo dificuldades. Então por que não tenta essa linha de crédito?” e trata-se de um empréstimo com juros dez vezes mais altos.
A carga tributária seria o maior gargalo para o desenvolvimento do País?
A burocracia e a carga tributária são os dois principais entraves para o desenvolvimento. E a gente tem que entender que a burocracia não está só na vida do empreendedor, mas sim na vida de todo cidadão brasileiro. Hoje pessoas são obrigadas a dormir na porta de uma escola pública, porque não tem vaga para todos. A burocracia está presente quando um pai de família demora meses para conseguir uma consulta na rede pública, quando exigem documentos desnecessários para que a pessoa prove que é ela mesma. O País perde muito com essas coisas. Qualquer pessoa sofre, mas quem empreende sofre mais.
Na sua coligação, há um candidato que tem os concursos públicos como bandeira, que é o caso do professor Granjeiro. Como é a convivência?
A gente vive em um País democráticos, a exemplo das eleições. Existem candidatos que defendem os concursos e eu não sou contra, porque é a forma mais correta da pessoa entrar no serviço público. O que eu defendo é uma alternativa aos jovens que estão se formando e não vão conseguir passar em concursos, é uma equação muito fácil. O Estado não pode ser o grande empregador do País. Ninguém se forma em engenharia na Alemanha para ficar carimbando papel em um emprego no Estado. As pessoas se formam para construir grandes obras. O Brasil precisa de mais pessoas concursadas no serviço público, porque existem muitos comissionados que estão muito mais a serviço do político que o indicou do que a serviço da população. É importante que se registre que, pela primeira vez, um candidato prometeu em campanha que vai reduzir o número de comissionados, que acabam se tornando massa de manobra. E a convivência com o Granjeiro é ótima, até porque, antes de defender concursos, é um grande empreendedor da área de cursos.