Em São Paulo no último final de semana, Bolsonaro se reuniu com seus advogados, Paulo Cunha Bueno e Daniel Tesser, vereadores e políticos como o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), para falar sobre seu julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que recomeça nesta terça (27).
Ele admitiu a possibilidade de ficar inelegível, porém, disse que mesmo fora da urna, pretende seguir na vida pública. Em conversa com a Folha, ele disse que “a tendência, o que todo mundo diz, é que eu vou me tornar inelegível”, e que não vai se desesperar.
Na insistência do repórter sobre o sentimento do ex-presidente, ele repetiu uma frase que ficou famosa durante a campanha eleitoral de 2018. “Eu sou imbrochável até que se prove o contrário. Vou continuar fazendo a minha parte”.
Bolsonaro também usou o momento para criticar o governo atual. “Desde 2019 falaram que eu ia dar o golpe porque botei militares ao meu redor. Botei gente que era do meu círculo de amizade. Se eu fosse petista, ia botar ladrões lá”, completou.
Sobre a possibilidade de ver sua mulher, Michelle Bolsonaro, como sua sucessora, Jair foi contido. “Ela aprendeu a discursar em atos políticos, eu não conhecia esse lado dela. Se ela quiser ser candidata, pode sair candidata. Mas o que eu converso com ela é que ela não tem experiência. Pra ser prefeito de cidade pequena já não é fácil. Lidar com 594 parlamentares não é fácil também. Eu acredito que ela não tem experiência para isso”, completou.
Sobre uma possível candidatura de Tarcísio de Freitas, que hoje é governador de São Paulo, Jair disse que também apoiaria, e que o considera um excelente gestor.
“E se não for ele, quem seria?”, questionou o jornalista, e Bolsonaro respondeu “eu tenho a bala de prata, mas não vou te dizer, para você não ficar perturbando, no bom sentido. Eu tenho a bala de prata, mas não vou revelar”, completou, dizendo que o que plantou ao longo de quatro anos não foi “blábláblá”.
O ex-presidente também afirmou que, se o julgamento for justo, ele será absolvido por unanimidade e seguirá elegível.
Porém, caso isso não aconteça, ele disse que existe a possibilidade de ir trabalhar nos Estados Unidos, pois recebeu um convite para ser garoto propaganda de vários estabelecimentos. “Mas eu não quero abandonar o meu país. Tenho parentes aqui. Tenho uma filha aqui. Se eu for, vai a família toda embora”.
Reunião com embaixadores
No ano passado, Bolsonaro se reuniu com embaixadores, quando colocou em dúvida a segurança das urnas eletrônicas e a imparcialidade de magistrados do TSE, e é por isso que está sendo julgado e pode se tornar inelegível. “Eu não ataquei o sistema eleitoral. Eu mostrei como é o sistema eleitoral e perguntei se alguém tinha ele em seu país. Não tem. A Alemanha adotiu e depois viu que não era confiável”, disse o ex-presidente.
Sobre os atos de 8 de janeiro, Bolsonaro disse que não tem nada a ver. “Aquela imagem do cara com a minha camisa quebrando um relógio no Palácio do Planalto, por exemplo: a informação que chegou para mim é que foi o núcleo lá do Lula que mandou divulgar aquela cena. Está mais do que comprovado que o quebra-quebra foi do pessoal deles [apoiadores do atual governo]”.