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Política & Poder

Bolsonaro afirma que não irá à posse de Boric como presidente do Chile

Líder dos protestos estudantis de 2011, o líder de esquerda Boric foi eleito presidente do Chile em dezembro, ao derrotar o ultradireitista Kast

FolhaPress

12/01/2022 13h51

Foto: AFP

Ricardo Della Coletta

O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, nesta quarta-feira (12), que não vai participar da posse do novo presidente do Chile, Gabriel Boric. Os atos de transmissão de poder estão programados para 11 de março. “Não vou entrar em detalhes, porque eu não sou de criar problemas nas relações internacionais. O Brasil vai muito bem com o mundo todo. Você vê quem vai na posse do novo presidente do Chile [Boric]. Eu não irei, vê quem vai”, disse Bolsonaro, durante entrevista ao site Gazeta Brasil.

Ele ainda comparou a situação com o jantar promovido em São Paulo pelo grupo Prerrogativas em dezembro. Participaram do evento o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), principal adversário de Bolsonaro nas eleições de 2022, e o ex-governador Geraldo Alckmin, que pode ser vice do petista. “É igual aquele jantar em São Paulo, o jantar da democracia patrocinado pelo Lula e Alckmin. Olha aquelas pessoas que estavam presentes. Parecia um saidão de cadeia”.

Líder dos protestos estudantis de 2011, o líder de esquerda Boric foi eleito presidente do Chile em dezembro, ao derrotar o ultradireitista José Antonio Kast, candidato de apreço do bolsonarismo.

Bolsonaro só cumprimentou Boric pela vitória quatro dias depois após o anúncio do resultado. Numa live nas redes sociais, ele se referiu ao chileno como o “tal do Boric” e disse que havia determinado ao Itamaraty fazer os cumprimentos formais ao vencedor. No início da mesma noite, o Ministério das Relações Exteriores divulgou uma nota felicitando o novo presidente.

Na terça (11), o jornal Folha de S.Paulo mostrou que o governo Bolsonaro não pretende enviar nenhum representante para a posse da esquerdista Xiomara Castro em Honduras, no final do mês. Ela foi eleita presidente do país da América Central em novembro. Dessa forma, a presença do país nos atos em Tegucigalpa deve ser apenas protocolar, limitada ao embaixador, Breno da Costa.

Interlocutores ouvidos pela reportagem destacam que o caso do Chile é diferente. Trata-se de um dos países mais importantes da América do Sul, destino no ano passado de quase US$ 7 bilhões em exportações brasileiras. A expectativa entre aliados é que Bolsonaro escale ao menos seu vice, Hamilton Mourão (PRTB), para prestigiar a posse do novo presidente chileno.

Bolsonaro tem um histórico de ignorar posses presidenciais de presidentes de esquerda na região. Em novembro de 2020, na cerimônia de início de mandato de Luis Arce na Bolívia, o Brasil esteve representado apenas pelo embaixador em La Paz, Octávio Côrtes.

Houve atritos também com o principal parceiro comercial do Brasil no continente. Em dezembro de 2019, após ameaçar não despachar emissário ou se fazer representar pelo então ministro da Cidadania, Osmar Terra, o presidente escalou Mourão para comparecer à posse de Alberto Fernández na Argentina.

Tanto no caso boliviano como no argentino, o Itamaraty era comandado por Ernesto Araújo, um dos principais expoentes da ala ideológica do governo. O substituto, Carlos França, atuou para que o Brasil enviasse representantes para a posse no Peru de Pedro Castillo, também de esquerda. Na ocasião, ele acompanhou Mourão na delegação.

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