Técnicos do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) confirmaram nesta terça-feira (24) que conseguiram extrair os dados do gravador de voz da cabine (CVR – cockpit voice recorder) do avião King Air C90 prefixo PR-SOM, que caiu no mar, perto de Paraty (RJ), na última quinta-feira (19), matando o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), e outras quatro pessoas.

Agência Força Aérea/Cabo Feitosa
Uma análise preliminar das gravações não mostrou anormalidade nos sistemas da aeronave ou pedido de socorro feitos pelo piloto. Segundo informações divulgadas pela TV Globo, houve duas tentativas de pouso no aeroporto antes da queda.
A emissora afirma que, segundo informações dos peritos, o piloto Osmar Rodrigues comentou com outros pilotos que sobrevoavam a região que esperaria a chuva passar para pousar. Logo depois, ele fez a primeira tentativa. “Estou indo para o setor Eco”, teria dito Osmar, que seria ir para leste. A seguir, Rodrigues não relata nada e apenas diz “Tô na final”, que seria um padrão para nova tentativa de aterrissagem. Na sequência, segundo investigadores contaram à TV Globo, a gravação registra o barulho do impacto do avião com o mar.
Gravações intactas
De acordo com o chefe da divisão de operações do Cenipa, coronel Marcelo Moreno, o equipamento gravou os últimos 30 minutos de áudio do voo e isso inclui não só informações de voz, mas outros sons importantes para a investigação.
“Nós analisamos sons diferentes, em que possamos identificar, hipoteticamente falando, o ruído de um trem de pouso sendo baixado, a aplicação de algum grau de flap ou outro equipamento aerodinâmico da aeronave”, explica o coronel. A gravação de áudio também pode indicar um início de descida, por exemplo.

Agência Força Aérea/Cabo Feitosa
O chip de memória do gravador de voz da cabine do avião está sendo avaliado por uma equipe do laboratório de leitura e análise de dados de gravadores de voo (Labdata) do Cenipa. A memória possui quatro canais de áudio, sendo um do piloto, um do copiloto, uma de área da cabine e o quarto do engenheiro de voo ou comissário. Os dados do chip foram baixados utilizando equipamentos e softwares do fabricante do gravador de voz.
O cabo de conexão que comunica os dados do chassi do gravador para a memória estava molhado. Portanto, houve a substituição por outro novo, minimizando a possibilidade de um curto circuito ou a perda de dados, caso tivesse sido utilizado o cabo contaminado pela água salgada. Agora, os técnicos estão fazendo o tratamento do áudio. Depois dessa etapa, os dados serão analisados.
O gravador chegou na manhã do último sábado (21) ao laboratório do Cenipa em Brasília. O equipamento foi encontrado pelos mergulhadores da Marinha na tarde de sexta-feira (20). Por estar submerso em água salgada, foi necessário realizar um procedimento de lavagem e conservação em água destilada para evitar corrosão e preservar os dados do gravador.
No acidente, além de Teori e do piloto, também morreram na queda do King Air o empresário Carlos Alberto Fernandes Filgueiras, dono da rede Emiliano de Hotéis e do avião, a massoterapeuta Maíra Panas e Maria Ilda Panas, mãe de Maíra.