PAULO PASSOS E GUSTAVO ZEITEL
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
A escalada de ataques pessoais entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo é vista como algo negativo por 77% dos eleitores, segundo pesquisa Datafolha. O pleito deste ano na capital paulista está marcado por ofensas verbais e agressões físicas em debates e na propaganda eleitoral.
Em evento realizado pela TV Cultura, em 15 de setembro, José Luiz Datena (PSDB) jogou uma cadeira em Pablo Marçal (PRTB). Na semana seguinte, no debate realizado pelo Flow, um assessor do influenciador atingiu com um soco o marqueteiro Duda Lima, que trabalha para Ricardo Nunes (MDB).
Antes disso, já no primeiro encontro dos candidatos, em 9 de agosto, na TV Bandeirantes, houve ataques verbais entre os políticos, com uso de apelidos pejorativos, xingamentos e pedidos de direito de resposta.
O clima seguiu assim em todas as outras atrações, com variações de intensidade.
O instituto Datafolha questionou os eleitores se “ataques contribuem para a eleição porque assim o eleitor conhece melhor a vida dos candidatos” ou se eles não contribuem “porque tomam o lugar das discussões de propostas para cidade”.
Uma minoria, 17%, respondeu que os ataques contribuem para a eleição. Deram outra resposta 3% e outros 3% dizem não saber.
O Datafolha entrevistou 1.610 eleitores paulistanos de terça-feira (24) até esta quinta (26). Encomendado pela Folha de S.Paulo, o levantamento está registrado na Justiça Eleitoral sob o código SP-06090/2024, com nível de confiança de 95%.
Alvo da cadeirada de Datena, Marçal foi o candidato que mais apostou na agressividade verbal em relação aos adversários. Chamou Nunes, Guilherme Boulos (PSOL), Tabata Amaral (PSB) e Datena com apelidos pejorativos e usou suas redes sociais para atacá-los. No debate do Flow, Nunes e Marçal trocaram xingamentos mesmo nos corredores, fora dos estúdios do evento.
A parcela do eleitorado que diz votar no influenciador é a que menos vê os ataques como algo negativo na campanha. Para 33% dos que apoiam Marçal, essas atitudes contribuem para a eleição. Mesmo assim, a maioria, 60%, opina que elas são negativas. A margem de erro nessa faixa é de 5 pontos percentuais, para mais ou para menos.
Entre os eleitores dos demais candidatos é maior a parcela que critica os ataques: Nunes (80%), Boulos (87%), Tabata (83%) e Datena (75%).
Na pesquisa geral, Nunes segue na liderança (27%) seguido por Guilherme Boulos (25%) e Pablo Marçal (21%). No segundo pelotão, estão Tabata (9%), José Luiz Datena (6%) e Marina Helena (2%).
Com a estratégia agressiva ao longo da campanha, Marçal conseguiu encostar nos primeiros colocados na pesquisa de intenção de voto. Está em terceiro, segundo o Datafolha, com 21%. Nunes (27%) e Boulos (25%) seguem empatados na frente, com diferença dentro da margem de erro, de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
O influenciador foi citado por 48% dos eleitores de São Paulo quando o Datafolha perguntou em quem eles não votariam de jeito nenhum para prefeito. Acumula a maior rejeição. Depois dele, aparece Boulos, com 38%.