Menu
Opinião

O papel das empresas privadas no desenvolvimento regional

Hoje, a oferta dos serviços de telecomunicações é considerada essencial, tal como os serviços de luz, água e saneamento básico

Redação Jornal de Brasília

23/02/2023 14h01

Atualizada 24/02/2023 9h29

*Fabiano Ferreira
[email protected]

Diferente do que muita gente pode pensar, o interior do Brasil é borbulhante e cheio de oportunidades. De cerca de cinco anos para cá – mesmo antes da pandemia de Covid-19 acelerar as mais diversas mudanças estruturais do nosso país – já se enxergava um movimento de valorização e crescimento fora dos grandes centros. Agora, há um fato novo que contribui para que o mercado de banda larga seja ainda mais essencial para o desenvolvimento regional: a migração de pessoas para o interior, em busca de uma vida longe dos grandes centros urbanos, que influenciou também o setor imobiliário.

Hoje, a oferta dos serviços de telecomunicações é considerada essencial, tal como os serviços de luz, água e saneamento básico. Por isso, eu vejo as empresas do setor como viabilizadores desta possibilidade de flexibilização do trabalho, uma das principais consequências dessa migração. Com a experiência de quem já está inserido nesse processo há alguns anos, para além de oferecer um serviço considerado essencial, compreendo que a iniciativa privada tem papel fundamental de trazer novas possibilidades para as localidades nas quais ela floresce.

Quando há a chegada de serviços de banda larga de qualidade com tecnologia de fibra ótica, por exemplo, em uma cidade com menos de 200 mil habitantes, cria-se um terreno fértil para o desenvolvimento local. Os estudantes destas localidades ampliam seus horizontes, seja no processo de formação presencial nas escolas, seja no estudo superior EAD. Da mesma forma, os empreendedores locais, sejam eles microempreendedores ou não, também têm chance de aprimorar suas atividades com o uso de tecnologia. Ao longo deste processo, toda a população local acaba se beneficiando.

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada calcula que o acesso à internet tem efetivamente impacto na geração de riqueza. Essa lógica já foi diversas vezes apontada por estudos internacionais e mesmo brasileiros. Agora, o Ipea analisou dados de 5.564 municípios, dividiu-os em grupos com perfis semelhantes e chegou a projeções específicas para o Brasil. Por aqui, cada 1% de aumento no acesso à internet gera um crescimento adicional de até 0,19% do PIB.

É possível enxergar uma realidade parecida quando olhamos para os nossos próprios números. Nos mais de 200 municípios em que estamos presentes, a penetração passou de 50% para 75% e a fibra tem 80% destas conexões. Nesse contexto, 56% do crescimento foi gerado por nós, com a liderança de mercado nas cidades em que atuamos.

Diante deste cenário, pudemos acompanhar o surgimento de novos players no mercado de banda larga, com a estratégia de negócio voltada totalmente para o interior do país, o que denota não apenas um potencial de mercado a ser explorado, como também espaço para a diferenciação na qualidade do serviço ofertado.

Desafios e necessidades

O Brasil é um país de proporções continentais com um forte mercado consumidor, que fazem com que o mercado de infraestrutura tenha bastante espaço de crescimento antes de ser esgotado. Ainda hoje é comum que existam cidades sem a oferta adequada de internet de banda larga, utilizando tecnologias ultrapassadas como rádio e fio de cobre, o que significa um potencial de crescimento absurdo para suprir carências e necessidades que são diversas nessas localidades.

Os gaps vão desde a ausência de saneamento básico até a falta de conectividade nas escolas públicas, em uma realidade cada vez mais dependente dos avanços da tecnologia. De um modo geral ainda temos uma ausência de infraestrutura relevante em nosso país e precisamos cuidar para não formarmos uma geração de excluídos digitais.

Para além disso, há algumas carências técnicas que precisam ser supridas como o investimento em infraestrutura a fim de garantir a qualidade da rede, bem como o uso de infraestrutura compartilhada. Por último, não podemos falar de desafios sem pensar na formação de mão de obra qualificada da parte técnica e comercial, desafios que procuramos endereçar com parcerias com instituições de ensino e formação deste tipo de profissional.

* Fabiano Ferreira é CEO da Vero Internet. Também é membro do conselho de administração na TelComp – Associação Brasileira das Prestadoras de Serviços de Telecomunicações Competitivas.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado