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Opinião

A difícil realidade do racismo religioso

21 de março é o Dia Internacional de Combate à Discriminação Racial

Redação Jornal de Brasília

21/03/2023 16h35

Rafael Soares de Oliveira, representante da Cúpula dos Povos e Secretário de Planejamento e Cooperação da Koinonia. Foto: arquivo pessoal

Apesar de a cultura com origem na África estar no Brasil por mais de 400 anos, as religiões de matriz africana representam menos de 3% da população brasileira. Segundo o representante da Cúpula dos Povos e Secretário de Planejamento e Cooperação da Koinonia, ONG que defende valores do Movimento Ecumênico no Brasil, Rafael Soares de Oliveira, já passou da hora do Estado olhar para as religiões de matrizes africanas como olha para o meio ambiente, por exemplo. “Vivemos há anos um racismo religioso sem que isso incomode a sociedade e o Estado”, afirma ele.

Para o povo e a cultura de origens africana, hoje (21 de março) deveria ser um dia especial. Considerado pela ONU Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial, há pouco para comemorar, segundo Soares de Oliveira. “Cada conquista é fundamental, mas nos últimos anos a intolerância da sociedade mostra que ainda temos uma estrada longa para eliminar o racismo cultural e religioso”.

A Cúpula dos Povos tem se mobilizado nas esferas dos três poderes para que juntos encontrem ferramentas que ajudem a mitigar a violência contra os símbolos, a religião e o próprio povo de origem africana. Uma das providências reivindicada pela Cúpula é melhorar o protocolo do “Dique 100”, canal que recebe, analisa e encaminha denúncias de violações de direitos humanos. “Punir não resolve o problema na raiz, é preciso um sistema que proteja a vítima”, diz Soares de Oliveira.

Apesar da barreira do racismo, a força cultural de origem africana se mostrou, ao longo de séculos, resiliente e mantém a luta por espaço. No dia 5 de janeiro de 2023, o presidente Lula sancionou a Lei que estabelece 21 de março como “Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé.”

”Para nós é importante que o Estado estabeleça uma política nacional de incentivo à reparação e proteção das pessoas, seus símbolos e cultura de origem africana”, conclui Soares de Oliveira.

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