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‘Vítimas de um sistema’, diz à AFP primo de mulheres assassinadas na Argentina

As jovens foram torturadas antes de serem assassinadas, e tudo foi transmitido ao vivo em um grupo fechado do Instagram como mensagem de “disciplinamento”

Redação Jornal de Brasília

26/09/2025 22h05

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(Photo by Luis ROBAYO / AFP)

“Foram vítimas de um sistema” que as obrigava a se prostituir e tiveram o “azar” de estar com “gente errada”, disse à AFP Federico Celedón, primo de duas das três jovens brutalmente assassinadas em um triplo crime que comoveu a Argentina.

Os corpos de Brenda Del Castillo (20), Morena Verdi (20) e Lara Gutiérrez (15) foram encontrados em 24 de setembro enterrados em uma casa em Florencio Varela, nos arredores de Buenos Aires, cinco dias após o desaparecimento.

As jovens foram torturadas antes de serem assassinadas, e tudo foi transmitido ao vivo em um grupo fechado do Instagram como mensagem de “disciplinamento” por parte de um chefe do narcotráfico, segundo o ministro de Segurança da província, Javier Alonso.

“Simplesmente foram vítimas de um sistema que não lhes deixou outra opção senão aceitar esse tipo de trabalho para poder sobreviver (…) ter que entregar o corpo uma noite, duas noites, um fim de semana ou o tempo que fosse necessário em troca de um pouco de dinheiro”, disse Celedón, jornalista de 26 anos e primo de Verdi e Del Castillo.

“Elas não tinham nada a ver com os narcotraficantes. Ponho a mão no fogo. Foi a má decisão de fazer esse tipo de trabalho e o azar de que isso lhes acontecesse de rebote. Estiveram no momento errado, com a gente errada”, acrescentou.

Duas mulheres e dois homens permanecem detidos pelo caso e na quinta-feira se negaram a depor, segundo a imprensa local.

As três jovens subiram em uma caminhonete em 19 de setembro em La Tablada, periferia sul de Buenos Aires, para prestar serviços em uma suposta festa “sem saber que estavam caindo em uma armadilha organizada (…) para assassiná-las”, detalhou Alonso na quarta-feira em entrevista coletiva.

As jovens haviam estabelecido previamente vínculo com líderes da organização criminosa. O motivo exato do ataque continua sob investigação. Questionado sobre a hipótese de que elas tivessem roubado droga, Alonso respondeu: “Tudo pode ser”, em entrevista mais tarde ao canal local TN.

O suposto chefe do grupo criminoso, apelidado de “Pequeño J” ou “Julito”, de cerca de 23 anos, está foragido.

O triplo crime gerou protestos convocados por coletivos feministas e de direitos humanos, que chamaram para uma grande mobilização no sábado na capital argentina e em outras províncias.

“Pedimos justiça pelas três, não só pelas minhas primas. Lara tinha 15 anos, uma vida inteira pela frente, assim como minhas primas. O que fizeram com elas não desejo a ninguém”, ressaltou Celedón, a cerca de 40 metros da casa da família, onde um mural do papa Francisco e outro do astro do futebol Diego Maradona ladeiam as ruas de La Tablada.

© Agence France-Presse

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