RICARDO DELLA COLETTA
MUNIQUE, ALEMANHA (FOLHAPRESS)
Quando o vice-presidente dos Estados Unidos, J. D. Vance, prestou solidariedade pelo atentado que ocorreu na quinta-feira (13) em Munique, ele disse esperar que os aplausos da plateia não fossem os únicos em seu discurso.
O público da Conferência de Segurança de Munique, formada em boa parte por lideranças da Europa ávidos por uma sinalização de que os EUA continuavam a apoiar a Ucrânia na guerra contra a Rússia, acompanhou em silêncio enquanto Vance ignorava o conflito no Leste da Europa e criticava políticas de regulação das redes sociais.
“A ameaça que me preocupa é a interna”, disse Vance.
O vice de Trump criticou o fato de o Supremo da Romênia ter anulado as eleições no país por suposta interferência russa.
Atacou o que chamou de práticas de “censura digital” contra “conteúdos de ódio”, numa referência às iniciativas europeias de regulação das redes, e disse que os valores democráticos precisam ir além do discurso.
“Precisamos fazer mais do que apenas falar sobre valores democráticos, precisamos vivê-los”.
A plateia ouviu em silêncio a maior parte do tempo, num testamento do incômodo que o conteúdo as fala de Vance causava.
Ele disse que a liberdade de expressão estava em recuo na Europa e, ao destacar a centralidade que o tema tem para a gestão Trump, sentenciou: “Em Washington há um novo xerife na cidade”.
O vice americano repetiu a demanda de Trump de que os aliados da Otan aumentem seus gastos com defesa. “Não há segurança se você tem medo das escolhas feitas pelo seu próprio povo”.