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Um ano após eleição na Belarus, EUA, Reino Unido e Canadá ampliam sanções

Os países se juntaram à União Europeia e pediram a libertação de presos políticos e a realização de eleições livres e justas

Redação Jornal de Brasília

09/08/2021 17h15

Foto: Vasily Fedosenko/Reuters

Ana Estela de Sousa Pinto
FolhaPress

Um ano depois de eleição presidencial considerada fraudada na Belarus, o ditador Aleksandr Lukachenko afirmou nesta segunda (9) que foi eleito legitimamente e atacou “o Ocidente” por tentar derrubá-lo. No mesmo dia, Estados Unidos, Reino Unido e Canadá se juntaram à União Europeia e ampliaram sanções ao país do leste europeu, pedindo a libertação de presos políticos e a realização de eleições livres e justas.

Pela manhã, a líder de oposição Svetlana Tikhanovskaia havia pedido que países endurecessem “de forma conjunta” as sanções contra o regime de Lukachenko. “As sanções não são uma bala de prata, mas vão ajudar a parar a repressão. Eles não entendem outra língua”, disse ela em entrevista coletiva em Vilnius, onde está exilada.

Tikhanovskaia havia feito o mesmo pedido ao ser recebida pelo presidente dos EUA, Joe Biden, no final de julho.
Segundo o governo americano, as novas medidas são consequência do “ataque contínuo a aspirações democráticas e direitos do povo bielorrusso” e de “violações das regras internacionais”.

Nos últimos meses, Lukachenko interceptou um voo comercial que ia da Grécia à Lituânia para prender o blogueiro Roman Protassevich, que estava a bordo. Também ameaçou “inundar de imigrantes” a União Europeia, pouco antes que começasse a aumentar exponencialmente o número de asiáticos cruzando as fronteiras da Belarus com a Lituânia, a Letônia e a Polônia.

No episódio mais recente, a ditadura belarussa virou notícia ao tentar obrigar uma de suas atletas olímpicas, a velocista Kristsina Tsimanouskaia, por reclamar de sua federação em rede social. Com medo de ser presa, a atleta pediu asilo na Polônia, atitude que, de acordo com Lukachenko, indica que foi “manipulada” por países rivais.

“Ela não faria isso sozinha. Foi de Tóquio que ela contatou seus amigos na Polônia e eles disseram ‘quando você vier ao aeroporto, corra até um policial e grite que está sendo coagida pela KGB [agência de inteligência da Belarus]’ “, disse o ditador.

As sanções anunciadas pelo governo americano são de dois tipos. Num deles, foram impostas proibições de viagem e congelamento de recursos a cerca de 40 empresas e indivíduos. Essas sanções entram em vigor imediatamente. Os EUA, como já havia feito a UE, também decretaram sanções setoriais —que proíbem negócios em setores importantes da economia da Belarus—, mas essas medidas levam ao menos seis meses para entrarem em vigor.

De acordo com analistas, quando estiverem implantadas elas incluem automaticamente na lista de sanções qualquer empresa que coopere com bancos estatais, empresas estatais ou instituições estatais da Belarus, o que tem como alvo bancos e empresas da Rússia. A ideia é pressionar para fazer secar o financiamento russo à máquina da ditadura belarussa.

Também o Reino Unido divulgou sanções em setores relevantes para a Belarus, como refinarias de petróleo, fábricas de fertilizantes e aviação. As novas medidas britânicas se estendem a comércio, finanças e transferência de tecnologia.

Compra de títulos, investimentos e concessão de empréstimos a estatais e bancos da Belarus foram proibidos. “A Grã-Bretanha não aceita as ações de Lukachenko após as eleições fraudulentas. Os produtos de suas estatais não serão vendidos no Reino Unido”, disse o ministro britânico das Relações Exteriores, Dominic Raab, sobre as sanções.

No setor de aviação, além da proibição de voar no espaço aéreo britânico, o país não permitirá a manutenção de aviões de empresas associadas a Lukachenko e empresários próximos a ele. Medidas semelhantes foram anunciadas pelo Canadá, que criticou a “repressão eleitoral sistemática, incluindo violência estatal contra manifestantes, ativistas e jornalistas”.

Segundo a chancelaria canadense, no último ano “a injustiça do regime belarusso contra seu próprio povo não parou”, o que justifica as sanções. O Canadá também anunciou fundos de US$ 3 milhões (R$ 15,7 mi) para para apoiar organizações da sociedade civil na Belarus.

Já a Rússia, principal aliado de Lukachenko, declarou nesta segunda que ele foi eleito regularmente e condenou as sanções do Ocidente. “Forças externas tentaram implementar uma ‘revolução colorida’ na eleição do ano passado. O objetivo é óbvio: levar ao poder forças políticas controladas pelo Ocidente, ‘arrancar’ a Belarus da Rússia”, afirmou o Segundo o Ministério das Relações Exteriores russo.

O governo de Vladimir Putin disse que, enquanto a oposição a Lukachenko pede mais sanções econômicas contra a Belarus, “recebe apoio financeiro e informativo sem precedentes dos países ocidentais”. “De nossa parte, condenamos veementemente qualquer tentativa de interferência direta e indireta nos processos políticos internos da Belarus”, afirmou a chancelaria russa

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