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Ucrânia e aliados buscam apoio mais amplo possível na ONU

O texto deve ser colocado em votação no final dos debates, que terão início às 15h e se prolongarão pelo menos até quinta-feira

Redação Jornal de Brasília

22/02/2023 12h57

Foto: Sergei SUPINSKY / AFP

A Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) se reúne nesta quarta-feira (22) para abordar a guerra na Ucrânia, a dois dias do primeiro aniversário da invasão russa, e Kiev e os seus aliados esperam obter o maior apoio possível para uma resolução que apela a uma “paz justa e duradoura”.

O projeto de resolução, promovido por cerca de 60 países, “destaca a necessidade de alcançar uma paz abrangente, justa e duradoura na Ucrânia, de acordo com os princípios da Carta das Nações Unidas, o mais rápido possível”.

O texto deve ser colocado em votação no final dos debates, que terão início às 15h locais (17h no horário de Brasília) e se prolongarão pelo menos até quinta-feira.

Como nas resoluções anteriores, o texto reafirma o “apego” à “integridade territorial da Ucrânia”, “exige” a retirada imediata das forças russas e pede o “fim das hostilidades”.

Não faz, contudo, referência ao plano de paz de dez pontos apresentado em novembro pelo presidente ucraniano, Volodimir Zelensky.

A Ucrânia optou por desistir desse plano para tentar obter o maior número de votos possível, segundo fontes diplomáticas. Pelo menos tanto quanto em outubro, quando 143 países votaram a favor da resolução que condenou as anexações de vários territórios ucranianos pela Rússia.

“Chegamos a um texto que realmente tenta unir a comunidade internacional, e ser o mais coerente e positivo possível”, comentou um diplomata europeu.

Um ano após a invasão da Ucrânia, lançada em 24 de fevereiro, a medida também será uma mensagem para a Rússia de que “não pode atingir seus objetivos pela força”, acrescentou, esperando que, se Moscou “se sentir realmente isolada, em algum momento será muita pressão para resistir”.

“Simbólico”

Na véspera do início desta sessão, em que se espera a presença de muitos ministros, entre eles o secretário de Estado americano, Antony Blinken, o presidente russo, Vladimir Putin, prometeu na terça-feira continuar “sistematicamente” sua ofensiva na Ucrânia, em um discurso retórico com reminiscências antiocidentais da época da Guerra Fria.

Apoiar a paz na Ucrânia “não significa escolher entre Estados Unidos e Rússia”, mas sim “defender a Carta” da ONU, respondeu a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield, enquanto alguns países do Sul mostram certo cansaço diante da determinação do Norte em continuar concentrado nesta guerra.

Neste contexto, a China, que se disse “muito preocupada” com um conflito que “está saindo do controle”, indicou que quer apresentar em breve uma proposta para encontrar uma “solução política” para a guerra. A China e outros países, principalmente a Índia, abstiveram-se nas votações anteriores da ONU sobre a Ucrânia.

“Se Kiev não falar em paz, corre-se o risco de os países do Brics começarem a dizer que a Ucrânia é o verdadeiro obstáculo à paz”, disse Richard Gowan, analista do International Crisis Group, referindo-se a Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

“É por isso que os EUA e a UE quiseram fazer referência ao fim das hostilidades no texto desta semana”, explicou ele à AFP.

No entanto, o “fim das hostilidades” acompanhado da retirada das tropas russas como um simples “cessar-fogo” poderia significar apenas uma pausa nas operações que permitiria a reorganização da Rússia, dizem diplomatas.

Embora esta resolução seja principalmente “simbólica”, observa Gowan, ela teria o mérito de enfatizar o isolamento da Rússia, “minando as reivindicações de Putin de liderar uma grande coalizão antiocidental”.

As três resoluções ligadas à agressão russa votadas pela Assembleia Geral há um ano receberam entre 140 e 143 votos a favor, com cinco países sistematicamente contra (Rússia, Belarus, Síria, Coreia do Norte e Eritreia) e menos de 40 abstenções.

Uma quarta resolução um pouco diferente, em abril, que suspendeu a Rússia do Conselho de Direitos Humanos, foi menos consensual, com 93 votos a favor, 24 contra e 58 abstenções.

© Agence France-Presse

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