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Ucrânia acelera contraofensiva em área ocupada pela Rússia

Segundo o Ministério da Defesa da Rússia não negados por Kiev, forças ucranianas estão concentrando seus ataques numa no centro da frente de 1.000 km de batalha, em Zaporíjia

FolhaPress

09/06/2023 12h15

Foto: Reprodução

IGOR GIELOW
SÃO PAULO, SP

A Ucrânia intensificou sua contraofensiva contra posições ocupadas pelos russos desde a invasão iniciada por Vladimir Putin em fevereiro de 2022, empregando principalmente os novos tanques e blindados que recebeu da Otan [aliança militar ocidental] para a ação.

Segundo o Ministério da Defesa da Rússia não negados por Kiev, forças ucranianas estão concentrando seus ataques numa no centro da frente de 1.000 km de batalha, em Zaporíjia, no sul do país. Houve também combates intensos mais a leste.

O foco é a região da cidade de Tokmak. Ela fica a meros 80 km da costa do mar de Azov, o que ajuda a explicar a intenção presumida dos ucranianos: ir em direção ao litoral, cortando assim as ligações por terra que o Kremlin estabeleceu entre seu território e a península da Crimeia, anexada em 2014 por Putin.

Outro ponto fica a nordeste de lá, em Orikhiv, cidadezinha a 60 km da capital homônima da província de Zaporíjia, que ainda está sob controle ucraniano.

Segundo a Defesa russa, os ataques da madrugada e da manhã desta sexta (9) foram repelidos, mas é impossível saber a essa altura o que está acontecendo de fato. Não há acesso independente a jornalistas ou observadores nas regiões do conflito, e Kiev tem sido telegráfica –a ponto de tentar negar a contraofensiva, que começou no domingo (4).

Tanto é assim que a vice-ministra da Defesa, Hanna Maliar, escreveu no Telegram que “a situação é tensa em toda a frente, e o leste é o epicentro”. Ela se refere a ações em torno de Bakhmut, Liman e Adviika, cidades de Donetsk, 1 das 4 regiões anexadas ilegalmente por Putin em setembro. Bakhmut foi palco da mais sangrenta batalha da guerra até aqui, vencida pelos russos em maio.

Algumas imagens de drones militares russos mostraram, pela primeira vez com clareza, tanques alemães Leopard-2 e blindados americanos Bradley em ação e, ao que tudo indica, sendo destruídos em combate.

No começo da semana, a Defesa russa passou vergonha ao divulgar uma imagem do que seria um tanque alemão sendo destruído, mas que análises detalhadas mostraram ser uma colheitadeira. Ao todo, a Otan disse ter fornecido 230 tanques para a contraofensiva, além de ter treinado e equipado cerca de 45 mil dos 60 mil soldados estimados para ação.

Ao longo da madrugada, os russos promoveram diversos ataques com mísseis contra alvos em regiões como Tcherkasi e Jitomir. Já na Rússia, um ataque com drone ucraniano ocorreu em Voronej, importante centro com 1 milhão de habitantes a 180 km da fronteira. Três pessoas ficaram feridas quando o aparelho atingiu um prédio, e a prefeitura local declarou estado de emergência.

REPRESA

Mais a oeste da ação militar, as preocupações se voltam para os efeitos do rompimento da barragem de Nova Kakhovka, ocorrido na terça (6). Nesta sexta, a Ucrânia voltou a acusar a Rússia de ter explodido intencionalmente a represa, o que inundou vastas áreas à margem do rio Dnipro de lá até a foz no mar Negro, cerca de 100 km distante.

Segundo o SBU, o serviço interno de segurança de Kiev, uma ligação interceptada entre dois soldados russos na qual um deles fala que “fomos nós” os responsáveis pela explosão prova a culpa russa. Não é possível validar a gravação e suas condições.

Moscou nega, dizendo que quem disparou contra a estrutura, que servia de ponto de observação para soldados russos, foram os ucranianos. Em ambos os casos, é possível argumentar que o adversário teve alguma vantagem militar com a situação, embora a balança penda mais para o lado do Kremlin.

A hipótese de que a represa se rompeu devido aos danos sofridos ao longo da guerra, tanto por mísseis de Kiev quanto pela destruição de suas passarelas superiores pelos invasores, perdeu força nesta sexta.

Relatório do serviço sismológico da Noruega mostra ondas de impacto compatíveis com a de uma explosão às 2h54 da terça na região de Nova Kakhovka, exatamente o horário em que a barragem rompeu.

O texto, contudo, não imputa culpas nem determina se a explosão ocorreu dentro da estrutura da barragem, o que joga a responsabilidade no colo russo, ou fora, o que sugere ataque que pode ser ucraniano.

As evacuações de famílias atingidas continuam dos dois lados do rio, com ao menos quatro novas mortes relatadas pelo governo ucraniano. Segundo o presidente Volodimir Zelenski, “centenas de milhares de pessoas estão sem acesso a água potável”, naquilo que ele classifica como “ecocídio” por parte da Rússia.

BELARUS

Também nesta sexta, Putin confirmou a data de entrada em operação de armas nucleares russas em Belarus, a ditadura vizinha e aliada do Kremlin. Segundo o presidente, entre 7 e 8 de julhos as ogivas estarão operacionais, mas ele não deu nenhum outro detalhe.

O movimento foi amplamente condenado no Ocidente como uma escalada, ainda que Belarus não participe diretamente da Guerra da Ucrânia. Minsk permite, desde a invasão, que Moscou use seu território para mover tropas e lançar ataques.

Ao longo dos anos, a ditadura de Aleksandr Lukachenko alternou sua dependência de Moscou com namoros com o Ocidente, mas desde que protestos enormes desafiaram seu governo em 2020, ele caiu progressivamente sob controle de Putin. O país vive em constante tensão com seus vizinhos da Otan, particularmente Polônia e Lituânia, e é na prática um protetorado militar russo em caso de conflito com o Ocidente.

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