FOLHAPRESS
Em meio ao aumento de tensão com a Venezuela, o Senado dos Estados Unidos aprovou nesta quarta-feira (17) o orçamento do Departamento de Defesa para o próximo ano: serão US$ 901 bilhões (R$ 4,9 trilhões) para o Pentágono, o maior valor da história, seguindo uma tendência de aumento em anos recentes. A legislação agora vai para o aval do presidente, Donald Trump, que deve aprová-la.
O texto foi aprovado por ampla maioria e apoio dos partidos Republicano e Democrata, com 77 dos 100 senadores a favor do novo orçamento. A medida prevê um aumento salarial de 3,8% para os militares americanos e estipula a construção de mais submarinos, caças, drones e navios de guerra.
A lei orçamentária inclui um artigo, aprovado antes pela Câmara, que pede a divulgação do vídeo de um ataque contra uma embarcação no Caribe realizado pelo governo Trump em setembro. O episódio em questão aumentou o desgaste do secretário de Defesa, Pete Hegseth, depois da revelação de que, em um segundo ataque, os EUA mataram os sobreviventes do bombardeio.
Mas o Senado não obrigou que o Pentágono libere o vídeo, determinando apenas que haja um corte de 25% do orçamento de viagens de Hegseth enquanto as imagens não forem compartilhadas com todos os membros do Congresso.
Os senadores também mandaram um recado a Trump no que diz respeito às disputas da Casa Branca com a Europa. O texto aprovado proíbe o Departamento de Defesa de reduzir o número de soldados americanos mobilizados na Europa para menos de 76 mil sem antes consultar aliados da Otan, a aliança militar liderada por Washington.
A legislação mantém ainda os níveis de auxílio militar dos EUA a países aliados, principalmente a Ucrânia, Israel e Taiwan –serão US$ 800 milhões destinados a Kiev e US$ 500 milhões a Tel Aviv. Os senadores também se recusaram a renomear oficialmente o Departamento de Defesa para Departamento de Guerra, como queriam Trump e Hegseth.
Por fim, o texto flexibiliza o processo de compra de armas, aviões e outros equipamentos bélicos pelo Pentágono. As Forças Armadas americanas são criticadas há anos por um excesso de burocracia que, segundo analistas, torna os EUA mais lentos do que países como a China na aquisição de novas tecnologias.
Em 2024, de acordo com dados da Fundação Peterson, os EUA gastaram mais com suas Forças Armadas do que a soma dos orçamentos dos outros nove países no topo da lista: China, Rússia, Alemanha, Índia, Reino Unido, Arábia Saudita, Ucrânia, França e Japão. O Brasil, com orçamento de cerca de US$ 20 bilhões, está em 21º lugar.