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Rússia lança mísseis contra o oeste da Ucrânia e concentra suas forças no leste

“Cinco ataques potentes com mísseis de uma só vez contra a infraestrutura civil da antiga cidade europeia de Lviv”

Redação Jornal de Brasília

18/04/2022 10h27

A Rússia executou ataques com mísseis contra Lviv, a grande cidade do oeste da Ucrânia, que deixaram pelo menos sete mortos, ao mesmo tempo que concentra suas forças para um iminente ataque total no leste.

“Cinco ataques potentes com mísseis de uma só vez contra a infraestrutura civil da antiga cidade europeia de Lviv”, escreveu no Twitter Mikhailo Podolyak, conselheiro do presidente Volodymyr Zelensky.

O governador da região, Maksym Kozitsky, citou quatro ataques com mísseis de cruzeiro, disparados a partir do Mar Cáspio: três contra infraestruturas militares e um contra um depósito de pneus. Todos os alvos foram gravemente afetados, disse.

“No momento, temos sete mortos e 11 feridos, incluindo uma criança”, afirmou o governador.

Longe da frente de batalha e próxima da fronteira com a Polônia, Lviv se tornou um refúgio para os deslocados. Também abriga várias embaixadas de países ocidentais, transferidas de Kiev.

“Destruir Donbass”

Lviv foi alvo de poucos bombardeios em mais de 50 dias de confronto, ao contrário do leste da Ucrânia, onde os ataques se concentram atualmente.

Zelensky declarou no domingo à noite que “as tropas russas se preparam para uma ofensiva no leste de nosso país no futuro próximo. Eles querem literalmente acabar e destruir Donbass”.

“Assim como os militares russos destroem Mariupol, querem arrasar outras cidades e outras comunidades nas províncias de Donetsk e Lugansk”, no Donbass, insistiu o presidente. “Fazemos todo o possível para assegurar a defesa”.

Em Mariupol, os últimos combatentes, entrincheirados no complexo metalúrgico de Azovstal, ignoraram o ultimato de Moscou para abandonarem o local.

“Sabotem as ordens dos ocupantes. Não cooperem com eles (…) Resistam”, disse Zelensky, que chamou a situação da cidade de “desumana” e pediu novamente ao Ocidente que forneça armas pesadas a Kiev.

Em meio à disputa por Mariupol, o canal de televisão estatal russo exibiu nesta segunda-feira um vídeo de dois prisioneiros, identificados como os cidadãos britânicos Shaun Pinner e Aiden Aslin, capturados em combates na Ucrânia, que pedem ao primeiro-ministro Boris Johnson para negociar sua libertação.

Os dois pedem uma troca por Viktor Medvedchuk, rico empresário ucraniano próximo ao presidente russo Vladimir Putin que foi detido na Ucrânia.

Kiev divulgou um vídeo do empresário, no qual Medvedchuk pede para ser trocado por “defensores de Mariupol e seus moradores”.

Russos entram em Kreminna no leste da Ucrânia e Rubizhne está sob fogo ucraniano

As tropas russas entraram em Kreminna, segundo as autoridades desta cidade do leste da Ucrânia, enquanto a cidade vizinha de Rubizhne está sob ataque das forças ucranianas, constataram jornalistas da AFP.

“À noite aconteceu um grande ataque” em Kreminna, declarou o governador ucraniano da região de Luhansk, Serguii Gaidai, em sua página do Facebook.

“O exército russo já entrou com uma enorme quantidade de material bélico (…). Nossos defensores se deslocaram a novas posições”, acrescentou.

Kreminna está a cerca de 50 quilômetros ao nordeste de Kramatorsk, a capital ucraniana do Donbass e um dos alvos de Moscou nesta região.

A cidade vizinha de Rubizhne está sob fogo de artilharia e morteiros ucranianos, confirmaram jornalistas da AFP nesta segunda-feira.

As forças ucranianas bombardearam esta cidade na posição de Novodruzhesk, a cerca de 3 quilômetros.

Na cidade ouvia-se potentes explosões em Rubizhne e algumas provocaram incêndios. A fumaça tomou conta da cidade.

Em 13 de abril, o chefe dos separatistas pró-russos de Luhansk, Leonid Pasechnik, indicou que os ucranianos ainda controlavam “uma parte” da cidade de Rubizhne.

Mariupol “não caiu”

Mariupol virou o símbolo da feroz resistência ucraniana diante do exército russo.

“A cidade ainda não caiu”, afirmou o primeiro-ministro, Denys Shmyhal.

“Ainda temos forças militares, soldados. Eles lutarão até o fim”, declarou ao canal americano ABC.

Mariupol, com 440.000 habitantes antes da guerra, é um alvo chave para Moscou e o último obstáculo para garantir seu controle na faixa marítima que vai dos territórios separatistas pró-Rússia do Donbass até a península da Crimeia, anexada pelos russos em 2014.

O Programa Mundial de Alimentos (PMA) da ONU afirmou que mais de 100.000 civis de Mariupol estão à beira da fome, sem água ou calefação.

“Última oportunidade”

O governador de Lugansk, Serguei Gaiday, afirmou que “esta semana será difícil” e pediu aos civis que abandonem a região.

“Pode ser a última oportunidade de salvá-los”, com o afastamento das zonas de combate, escreveu no Facebook.

Mas nesta segunda-feira, as autoridades ucranianas anunciaram a suspensão, pelo segundo dia consecutivo, dos corredores humanitários para a retirada de civis das zonas de combate e acusaram a Rússia de “bloquear” e bombardear os comboios.

As negociações com o exército russo são “longas e complexas”, sobretudo no que diz respeito à cidade de Mariupol, em grande parte sob controle da Rússia, e a outras localidades onde acontecem combates, afirmou a vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereshchuk.

Na região nordeste, em Kharkiv, segunda maior cidade da Ucrânia, cinco pessoas morreram e 20 ficaram feridas em uma série de ataques, segundo o governador regional, Oleg Sinegubov.

“Nos últimos quatro dias, 18 pessoas morreram e 106 ficaram feridas nos bombardeios contra a cidade”, afirmou Zelensky.

Mais de 4,9 milhões de pessoas fugiram da Ucrânia desde 24 de fevereiro, de acordo com dados atualizados pela ONU nesta segunda-feira. Mais de 65.000 deixaram o país nas últimas 24 horas.

© Agence France-Presse

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