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Rússia anuncia exercícios com armas nucleares táticas

A Otan considerou o anúncio russo “irresponsável”

Redação Jornal de Brasília

07/05/2024 0h02

Foto: Alexander Zemlianichenko / POOL / AFP

Moscou – O Ministério da Defesa da Rússia anunciou ontem planos para realizar exercícios simulando o uso de armas nucleares táticas em campo de batalha, poucos dias depois de o Kremlin reagir a comentários de altos funcionários ocidentais sobre a guerra na Ucrânia. A Otan considerou o anúncio russo “irresponsável”.

Moscou alertou que as tensões com o Ocidente estão se aprofundando. Segundo o Ministério da Defesa, os exercícios são uma resposta a “declarações provocativas e ameaças de certos funcionários ocidentais em relação” à Rússia. É a primeira vez que Moscou anuncia publicamente exercícios envolvendo armas nucleares táticas, embora suas forças nucleares estratégicas realizem exercícios regularmente.

Armas nucleares táticas incluem bombas aéreas, ogivas para mísseis de curto alcance e munições de artilharia destinadas a serem usadas em campo de batalha. Elas são menos poderosas do que as ogivas massivas que equipam mísseis balísticos intercontinentais e que podem destruir cidades inteiras.

O anúncio russo foi visto como um alerta aos aliados ocidentais da Ucrânia sobre se envolverem mais profundamente na guerra, que já dura mais de dois anos. Alguns desses parceiros expressaram anteriormente preocupação em acirrar o conflito com receio de que ele possa se espalhar além da Ucrânia e se tornar uma guerra entre a Otan e a Rússia.

O presidente francês, Emmanuel Macron, repetiu na semana passada que não exclui a possibilidade de enviar tropas para a Ucrânia, e o secretário das Relações Exteriores do Reino Unido, David Cameron, disse que as forças de Kiev poderão usar armas britânicas de longo alcance para atingir alvos dentro da Rússia. Outros países da Otan que fornecem armas para Kiev hesitaram diante dessa possibilidade. O Kremlin rotulou esses comentários como perigosos, aumentando a tensão entre a Rússia e a Otan. O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse ontem que a recente declaração de Macron e outras observações de autoridades britânicas e americanas provocaram os exercícios nucleares.

“É um novo momento de escalada”, disse Peskov, referindo-se ao que o Kremlin considerou como declarações provocativas. “É sem precedentes e requer atenção e medidas especiais”, disse Peskov. Dmitri Medvedev, vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, presidido pelo presidente Vladimir Putin, disse que os comentários de Macron e Cameron arriscam levar o mundo armado nuclear a uma “catástrofe global”.

Não foi a primeira vez que o apoio militar da Europa à Ucrânia irritou as autoridades russas e provocou ameaças nucleares. Em março do ano passado, após a decisão do governo britânico de fornecer à Ucrânia projéteis perfurantes de armadura contendo urânio empobrecido, Putin anunciou que pretendia implantar armas nucleares táticas no território da Belarus.

ORDEM DE PUTIN

O ministério disse que o exercício tem como objetivo “aumentar a prontidão das forças nucleares não estratégicas para cumprir tarefas de combate” e será realizado por ordem de Putin, que toma posse hoje no seu quinto mandato presidencial. Os exercícios envolverão unidades de mísseis do Distrito Militar do Sul, juntamente com a Força Aérea e a Marinha, como explicou o ministério. Autoridades ocidentais culpam a Rússia por ameaçar uma guerra mais ampla por meio de atos provocativos.

Países da Otan disseram na semana passada que estão profundamente preocupados com uma campanha de atividades híbridas no solo da aliança militar, acusando a Rússia de estar por trás delas e dizendo que representam uma ameaça à sua segurança. Peskov rejeitou essas alegações como “novas acusações infundadas feitas contra nosso país”.

Estadão Conteúdo

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