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Queima de Alcorão na Suécia agita comunidade muçulmana

Os manifestantes, apoiadores do líder xiita iraquiano Moqtada al Sadr, permaneceram na embaixada sueca por cerca de 15 minutos

Redação Jornal de Brasília

29/06/2023 14h41

Foto: AFP

Dezenas de iraquianos conseguiram entrar brevemente na embaixada sueca em Bagdá, nesta quinta-feira (29), em protesto depois que uma cópia do Alcorão foi queimado em Estocolmo, o que provocou uma onda de indignação entre a comunidade muçulmana.

Os manifestantes, apoiadores do líder xiita iraquiano Moqtada al Sadr, permaneceram na embaixada sueca por cerca de 15 minutos e saíram pacificamente quando as forças de segurança chegaram, segundo um fotógrafo da AFP.

Antes de entrar, os manifestantes se reuniram em frente à embaixada após a convocação do líder xiita.

Sadr pediu a “saída do embaixador” depois que Salwan Momika, um refugiado iraquiano, queimou várias páginas do Alcorão na quarta-feira do lado de fora da maior mesquita de Estocolmo.

O gesto de Momika ocorreu no primeiro dia do Eid al-Ada, um dos maiores feriados religiosos para os muçulmanos, e durante o protesto, autorizado pela polícia sueca, ele também pisou no livro sagrado.

O governo iraquiano condenou na quarta-feira “atos racistas, incitação à violência e ao ódio” que ocorrem “repetidamente” em países que “se orgulham de abraçar a diversidade e respeitar as crenças dos demais”.

O Ministério das Relações Exteriores do Iraque denunciou “a permissão das autoridades suecas a um extremista para queimar uma cópia do Sagrado Alcorão”.

Onda de indignação

O gesto de Salwan Momika foi condenado em muitos países de maioria muçulmana, incluindo Arábia Saudita, Egito, Marrocos, Irã e Turquia.

“Ensinaremos aos ocidentais arrogantes que insultar os muçulmanos não é liberdade de expressão”, declarou o presidente turco Recep Tayyip Erdogan durante uma aparição na televisão.

A Arábia Saudita, por sua vez, denunciou “atos odiosos e repetidos (…) que incitam ao ódio, à exclusão e ao racismo, e contradizem esforços que buscam difundir valores de tolerância”.

O Kuwait, outra monarquia do Golfo, pediu que os autores de tais “atos hostis” fossem processados e impedidos “de usar o princípio das liberdades (…) para justificar sua hostilidade contra o Islã”.

O Irã também criticou o gesto do refugiado iraquiano. “O governo e o povo da República Islâmica do Irã (…) não toleram tal insulto”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Nasser Kanani.

Marrocos, por sua vez, convocou seu embaixador na Suécia para consultas e condenou o ato “irresponsável” e as “provocações repetidas, cometidas sob o olhar complacente do governo sueco”.

A queima do Alcorão também provocou reação do Egito, o mais populoso dos países árabes, que condenou um “gesto vergonhoso e uma provocação aos sentimentos dos muçulmanos”.

Síria, Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Afeganistão e Líbano também aderiram às condenações.

“Sim ao Alcorão”

Durante o protesto em frente à embaixada do país nórdico em Bagdá, os manifestantes distribuíram panfletos nos quais se lia em inglês e árabe “Nossa Constituição é o Alcorão. Nosso líder, Al Sadr”.

Também queimaram bandeiras arco-íris, símbolo da comunidade LGBTQIA+, e escreveram “sim ao Alcorão” na entrada da embaixada.

O gesto do refugiado iraquiano na Suécia também provocou a indignação de organizações como a Liga Árabe, que condenou uma “agressão no coração da nossa fé muçulmana”.

O Conselho de Cooperação dos Estados Árabes do Golfo culpou as “autoridades suecas por qualquer reação derivada desses atos” e a Organização para a Cooperação Islâmica os condenou “veementemente”.

Não é a primeira vez que esse tipo de ação é registrado na Suécia e em outros países europeus.

No passado, algumas delas foram promovidas por movimentos de extrema direita, gerando manifestações e tensões diplomáticas.

© Agence France-Presse

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