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Protestos contra presidente no Equador continuam mesmo após libertação de líder indígena

Ao menos 20 pessoas foram detidas. Lasso disse que atos de vandalismo serão punidos e que protestos que afetem a recuperação

FolhaPress

15/06/2022 16h35

Foto: Imagem ilustrativa

A Justiça do Equador libertou nas primeiras horas desta quarta-feira (15) o líder indígena Leonidas Iza, que havia sido detido em meio a protestos contra o governo, que já duram três dias. Ele foi acusado pelo Ministério Público de paralisar o serviço de transporte público ao bloquear estradas e ficou preso por cerca de 24 horas.

Raúl Ilaquiche, que integra a equipe de defesa de Iza, disse à agência AFP que a juíza da cidade de Latacunga determinou que o líder se apresente periodicamente ao Ministério Público até o início do julgamento. Os advogados consideram a detenção ilegal.

A Procuradoria confirmou a decisão em sua conta no Twitter, destacando que a Justiça concedeu medidas alternativas à detenção em flagrante por “suposta paralisação de um serviço público” -crime que pode ser punido com até três anos de prisão no país.

Iza é presidente da Confederação de Nacionalidades Indígenas (Conaie) e lidera manifestações contra o governo de Guillermo Lasso, nas quais os indígenas exigem a redução do preço dos combustíveis e a renegociação de dívidas dos trabalhadores rurais com os bancos, além de reclamar do desemprego e da concessão de licenças de mineração em territórios indígenas.

Outros manifestantes disseram que a libertação não deve frear o movimento. “A convocação dessas marchas não é só um capricho dele. Os equatorianos estão sentindo na pele o alto custo de vida”, disse Carlos Sucuzhanay, chefe da Ecuarunari, à mídia local. “Queremos que o presidente se reoriente para trabalhar a serviço do país.”

Entre 1997 e 2005, entidades ligadas aos indígenas como a Conaie participaram de atos que ajudaram a derrubar três presidentes. Os povos nativos representam pelo menos 1 milhão dos 17,7 milhões de equatorianos.

Iza, depois de deixar a prisão em uma base militar de Latacunga, foi saudado com abraços por apoiadores -uma mulher fez uma “limpeza” com plantas consideradas medicinais no corpo dele. Os manifestantes gritaram “viva a luta” e “viva a greve” no local.

“Continuamos com a luta, não vamos tirar o direito de ninguém, esperamos apenas que nossos direitos que estão sendo violados também sejam ouvidos”, disse o líder indígena. “Não vamos ficar desmoralizados.” Uma onda de protestos no final do ano passado já havia aumentado a tensão entre Lasso e os indígenas e sido marcada por um congelamento no preço dos combustíveis.

Iza agora está proibido de deixar o país e deverá se apresentar ao Ministério Público às quartas e sextas-feiras até 4 de julho, quando começará seu julgamento. A prisão serviu de combustível para os protestos, com viaturas da polícia incendiadas, jornalistas agredidos, vias bloqueadas -incluindo estradas que dão acesso a Quito, fechadas desde segunda-feira– e poços de petróleo paralisados.

Na capital, os manifestantes queimaram um veículo de patrulha. Na região da Amazônia, forçaram a paralisação das atividades nos poços da empresa chinesa PetroOriental, que calcula perdas de 1.400 barris por dia.

Ao menos 20 pessoas foram detidas. Lasso disse que atos de vandalismo serão punidos e que protestos que afetem a recuperação econômica do país não serão permitidos. “Esperamos que a racionalidade seja a primeira coisa observada pelos manifestantes e pelos líderes dos atos”, disse o ministro do Interior, Patricio Carrillo.

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