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Promessa de vacinação acelerada nos EUA esbarra em dificuldades logísticas

Dessa forma, alertam governadores e autoridades de saúde, mesmo quem já está apto a receber a vacina pode ter que esperar um pouco mais

Redação Jornal de Brasília

03/04/2021 11h24

MARINA DIAS
WASHINGTON,

Fazer a inscrição para tomar vacina contra Covid-19 tem se tornado um ritual cheio de expectativa -mas também de frustração- para muitos americanos. Diversos estados estão expandindo os grupos elegíveis para a imunização sem ter como atender a todas as pessoas no prazo.

Dessa forma, alertam governadores e autoridades de saúde, mesmo quem já está apto a receber a vacina pode ter que esperar um pouco mais. O ritmo da imunização está acelerado nos EUA -em média, cerca de 2,8 milhões de aplicações são feitas por dia–, e o país já comprou doses suficientes para imunizar até 400 milhões de pessoas, 70 milhões a mais do que sua população.

Mas não são todas as vacinas que estão disponíveis para uso imediato. Pfizer, Moderna e Johnson & Johnson, as fabricantes dos três imunizantes de uso emergencial autorizados nos EUA, variam nos prazos e quantidades de entrega, e as doses têm sido distribuídas em etapas aos estados pelo governo federal.

O presidente Joe Biden foi a público na segunda-feira (29) dizer que, até 19 de abril, 90% dos adultos americanos serão elegíveis para tomar a vacina –o democrata dobrou sua meta e prometeu aplicar 200 milhões de doses nos seus primeiros cem dias de governo.

Devido aos gargalos, não significa que quase todos os americanos estarão imunizados em abril -a previsão é que 90% deles tenham recebido ao menos uma dose da vacina até o final de julho.

Nos EUA, cada estado estabelece regras próprias para vacinação, e ao menos 39 dos 50 deles já anunciaram que todos os seus residentes adultos (com 16 anos ou mais) estarão elegíveis para a imunização ainda neste mês –e então começam os poréns.

Em Washington, por exemplo, os moradores precisam fazer um pré-registro no site da prefeitura antes da receber a dose. Toda semana, há sorteios eletrônicos entre os perfis inscritos que fazem parte dos grupos elegíveis, e somente quem for selecionado pode marcar uma consulta para conseguir tomar a vacina.

Na semana passada, o prefeito de Nova York, o democrata Bill de Blasio, resumiu o problema depois que o governador Andrew Cuomo, seu colega de partido, anunciou que expandiria a elegibilidade para todas as pessoas com 50 anos de idade ou mais.

“O problema não são os padrões de elegibilidade, o problema é o abastecimento”, disse De Blasio em entrevista a uma emissora de TV. “Conforme você adiciona mais grupos, significa que as pessoas, em alguns casos, vão esperar mais, porque ainda não temos as doses das quais precisamos.”

Mesmo com complicações no fornecimento, Cuomo anunciou que pessoas com 30 anos ou mais poderiam ser imunizadas a partir da última terça-feira (30) em Nova York e que todos os adultos que vivem no estado estarão aptos à vacinação em 6 de abril.

A Flórida e a Califórnia, dois dos maiores e mais importantes estados do país, também anunciaram metas para a vacinação contra a Covid de todos os residentes com 16 anos ou mais a partir de 5 e 15 de abril, respectivamente. Mas há problemas mesmo onde a vacinação está aberta apenas para grupos menores.

Após o governador de Maryland, o republicano Larry Hogan, abrir a imunização para quem tem 60 anos ou mais, por exemplo, o chefe de governo de um dos maiores condados do estado, o democrata Marc Elrich, advertiu que isso não quer dizer vacina imediata.

“Ser informado de que você está elegível não significa que, quando você se pré-registrar, você está pronto para marcar horário para tomar a vacina”, afirmou Elrich em entrevista coletiva virtual.”O número de doses está aquém do número de pessoas elegíveis.”

Autoridades locais começaram a reclamar publicamente sobre a falta de perspectiva de receber novas doses e até mesmo da falta de trabalho para profissionais da linha de frente das aplicações.

“O que está nos segurando é apenas o número de doses”, disse o diretor-executivo de um dos departamentos de saúde de Utah, Gary Edwards, em entrevista ao site Axios. “Temos profissionais prontos para fazer mais, e eles não estão ocupados o suficiente.”

O cenário também tem escancarado contradições e desigualdades do país. Pessoas brancas e mais ricas têm se vacinado em estados ou regiões mais pobres, mesmo que não sejam residentes ou dos grupos elegíveis para imunização. Outras buscam a xepa -vacinas que não foram usadas e serão obrigatoriamente descartadas no fim do dia.

Isso porque, com menos acesso à informação e à internet, muitas vezes comunidades mais pobres não conseguem preencher o número de consultas diárias para a aplicação dos imunizantes.

Líderes em números de casos e mortes por Covid-19 no mundo -são mais de 552 mil vítimas e 30 milhões de casos-, os EUA haviam vacinado 101,8 milhões de habitantes com ao menos uma dose até sexta-feira (2), incluindo 58 milhões que receberam as duas doses da Pfizer e da Moderna ou a aplicação única da Johnson & Johnson. O governo Joe Biden distribuiu cerca de 204,7 milhões de doses aos estados, municípios e agências federais, e ao menos 148 milhões foram administradas, ou 80%.

A Casa Branca diz que tem trabalhado junto aos fabricantes para acelerar a produção e aumentar o fornecimento das vacinas destinadas aos EUA. De acordo com a porta-voz da Presidência, Jen Psaki, o governo está adicionando 23 mil farmácias ao programa federal de vacinas -além das 17 mil que já estão aplicando os imunizantes no país. Psaki disse que os governadores foram informados que cerca de 33 milhões de doses de vacinas serão alocadas a diferentes estados nos próximos dias.

As informações são da FolhaPress

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