A partir deste fim de semana a Argentina se transformará em um palco de reuniões entre presidentes e altos funcionários que assistirão, ask na segunda-feira, à posse presidencial de Cristina Fernández, a primeira mulher eleita pelas urnas para o cargo no país.
Os nove presidentes e outros dignatários que participarão do ato aproveitarão a ida a Buenos Aires para fortalecer relações, além de analisar temas energéticos, a troca humanitária para a libertação de reféns das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), o desenvolvimento do Mercosul e as dívidas dos países com organismos multilaterais, entre outros.
As delegações estrangeiras não só terão a oportunidade de se encontrar no ato de posse mas também na cerimônia oficial organizada para este domingo pelo presidente argentino em fim de mandato, Néstor Kirchner, embora ambos os eventos sejam destinados a somente breves intercâmbios e saudações de protocolo.
Outra ocasião de encontro será a assinatura da fundação do Banco do Sul, da qual participarão os presidentes de Brasil, Argentina, Bolívia, Equador, Paraguai, Venezuela e um ministro do Uruguai, que aproveitarão a ida a Buenos Aires para concretizar o projeto.
Cristina Fernández receberá a faixa presidencial das mãos de seu marido, o ainda presidente Kirchner, depois de conquistar a vitória nas eleições de 28 de outubro, com 45,29% dos votos.
Uma das primeiras figuras internacionais a chegar ao país foi o primeiro-ministro francês, François Fillon, na primeira visita oficial de um governante desse país desde a realizada pelo então presidente Jacques Chirac, em 1997.
Fillon, que chegou hoje acompanhado de líderes de empresas francesas instaladas na Argentina, participará de reuniões bilaterais na segunda-feira com Cristina; com a presidente do Chile, Michelle Bachelet; e com o do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, para falar das relações entre Mercosul e a União Européia, meses antes de a França assumir a Presidência do Conselho Europeu.
No domingo, chega ao país o príncipe das Astúrias, Felipe, que há anos representa o rei Juan Carlos da Espanha nas posses dos líderes latino-americanos. O príncipe visitará a presidente eleita na terça-feira, às 11h, mas não está previsto – e também não descartado – que se encontre com Néstor Kirchner.
Quanto a um possível encontro com o presidente venezuelano, a vice-presidente espanhola, María Teresa Fernández de la Vega, disse ontem que “pode haver uma saudação protocolar” entre o príncipe e Hugo Chávez caso a presença de ambos coincida em algum momento, mas acrescentou que não há nenhum pedido formal a respeito.
Fora a posse, ganharão destaque os esforços de vários dos líderes regionais, entre eles o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para que o chefe de Estado colombiano, Álvaro Uribe, tente uma solução para obter a troca dos reféns das Farc.
Para isso, a senadora colombiana Piedad Córdoba, que tentou mediar a troca humanitária, anunciou que entrará em contato, junto a Hugo Chávez, com líderes em Buenos Aires, com os quais analisará a situação dos reféns da guerrilha colombiana.
O presidente do Equador, Rafael Correa, se reunirá na segunda-feira com a governante chilena, Michelle Bachelet; e com o diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Juan Somavía, após assinar a ata de criação do Banco do Sul.
Outro dos convidados que terá uma agenda atribulada será o diretor do Fundo Monetário Internacional, Dominique Strauss-Kahn, que se encontrará entre segunda e terça-feira com Cristina, Bachelet, Fillon, e o presidente da Bolívia, Evo Morales.
O governo boliviano também antecipou que o chefe de Estado do país se reunirá com Fillon, embora também tenha recebido “solicitações de reunião dos presidentes dos países do Mercosul”.
Morales também realizará em Buenos Aires reuniões para analisar a situação energética do Cone Sul, dado que seu país possui 48,7 trilhões de pés cúbicos de reservas de gás. Quem se limitará a participar somente da posse de Cristina Fernández será o líder do Uruguai, Tabaré Vázquez, devido aos protestos que ambientalistas argentinos opostos ao funcionamento de uma fábrica de celulose no país prometem realizar contra ele.