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Mundo

Polícia da Nicarágua prende suspeito pelo assassinato da estudante brasileira

Arquivo Geral

28/07/2018 15h27

Divulgação/itf-tao

A Polícia da Nicarágua informou prendeu, na noite de sexta-feira, Piersen Guiérrez Solis, de 42 anos, suspeito do assassinato a estudante brasileira Raynéia Gabrielle Lima. Segundo nota divulgada pela corporação, Solis tinha uma carabina M4, mesma arma de guerra que teria sido disparada na segunda-feira (23) à noite contra a jovem pernambucana, de 31 anos. Em comunicado anterior, a polícia havia dito que o crime teria sido cometido por um guarda de segurança privado, mas não fez relação com o atual suspeito. As informações são da Agência Brasil.

A versão da polícia é contestada pelo reitor da Universidade Americana de Manágua (UAM), Ernesto Medina, onde ela cursava o sexto ano de medicina. Segundo Medina, as autoridades nicaraguenses estão encobrindo um crime cometido por paramilitares, simpatizantes do governo do presidente Daniel Ortega.

Mas, de acordo com informações do site nicaraguense 100% Notícias, Pierson Gutiérrez Solís, de 42 anos, serviu como membro do Exército da Nicarágua. A informação foi confirmada pelo porta-voz do Exército da Nicarágua. “Em 5 de agosto de 2009, Pierson Adam Gutiérrez Solís deixou de servir no Exército da Nicarágua. Desde essa data não há envolvimento com a instituição militar”, disse. O site revela ainda que, extra-oficialmente, era conhecida a informação que Pierson estava ligado à Companhia Petrolífera Nicaraguense SA (Petronic), o que mostra que ele ganhou até abril deste ano, 22.870,98 córdobas (cerca de R$ 2.6oo). Não se sabe qual a posição que ele ocupava na empresa. Pierson também é professor de Taekwondo e ensinou até abril na escola de karatê Lion Force.

Onda de violência

O assassinato de Raynéia ocorre em meio à maior onda de violência no país, desde o fim da guerra civil, em 1990. Segundo a Associação Nicaraguense pelos Direitos Humanos, 448 pessoas morreram em 100 dias de protestos contra o governo. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), que tem equipes no país investigando as denúncias, acusou a polícia e grupos paramilitares de usarem força letal para reprimir os manifestantes – muitos deles jovens estudantes que ocuparam universidades e ergueram barricadas. “Atiram para matar”, disse o secretário-executivo da CIDH, entidade ligada a Organização dos Estados Americanos (OEA).

Segundo Medina, Raynéia estava voltando para casa com o namorado, em carros separados, no bairro de Lomas de Monserrat – onde vivem altos funcionários do governo. “Apareceram três homens encapuzados, com fuzis de guerra, que fizeram sinal de alto. Ela continuou dirigindo e atiraram nela”, contou o reitor. O namorado, que vinha atrás, saiu do veículo dele com as mãos levantadas e levou Raynéia até o Hospital Militar. “Por coincidência, estavam de plantão três estudantes de medicina da nossa universidade, companheiros de Raynéia”, disse Medina. “Ela lutou horas para viver, mas não sobreviveu ao disparo, feito com uma arma de alto calibre”, disse Medina.

Raynéia morreu um dia depois de o presidente Daniel Ortega conceder uma entrevista exclusiva à cadeia de televisão norte-americana Fox News, afirmando que concluirá seu terceiro mandato consecutivo em 2021 e que não tem ligações com grupos paramilitares, responsabilizados por centenas de mortes.

No mesmo dia em que Raynéia foi assassinada, policiais e paramilitares entraram na cidade de Jinotega – a 242 quilômetros da capital, Manágua – e mataram três pessoas.

Os protestos na Nicarágua começaram em meados de abril, contra uma reforma da previdência – revogada posteriormente. Diante da brutal repressão aos manifestantes, os protestos continuaram, desta vez para pedir que as mortes fossem investigadas por organismos de direitos humanos internacionais.

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