O presidente da França, Emmanuel Macron, alertou nesta quinta-feira (26) sobre o risco de o Irã sair do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), o que seria “o pior cenário” após os ataques americanos às instalações atômicas da República Islâmica.
Em meio à controvérsia sobre se os ataques americanos do último domingo às instalações de Natanz, Isfahan e Fordo destruíram ou não o programa nuclear iraniano, Macron estimou que as ações dos Estados Unidos tiveram “uma eficácia real”, ao término de uma cúpula europeia em Bruxelas.
Ademais, alertou sobre a possibilidade de o Irã abandonar o TNP. Isso seria “um desvio e um enfraquecimento coletivo”, afirmou.
Por isso, e “para salvaguardar o Tratado de Não Proliferação” de armas nucleares, o presidente anunciou que falará nos próximos dias com cada um dos demais membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, a começar pelo presidente americano Donald Trump, com quem já conversou nesta quinta-feira.
Além de França e Estados Unidos, os outros três membros permanentes são China, Rússia e Reino Unido. Os cinco são potências nucleares.
“Nosso desejo é que haja uma verdadeira convergência de pontos de vista” para evitar que o Irã se envolva em atividades voltadas para a proliferação nuclear, explicou.
Macron detalhou que, em sua conversa nesta quinta com Trump, forneceu informações das conversas que Paris teve com Teerã “nos últimos dias, e até nas últimas horas”.
O ministro de Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, reconheceu nesta quinta-feira que as instalações nucleares de seu país sofreram danos “importantes”, após 12 dias de guerra com Israel e os bombardeios americanos.
Mas ressaltou que, por enquanto, não há “plano” para retomar as negociações com Washington, que na terça-feira anunciou uma trégua entre Irã e Israel.
O ministro desmentiu assim o que foi dito por Trump na quarta-feira, que Washington negociaria com o Irã “na próxima semana”.
O Irã ratificou o Tratado de Não Proliferação em 1970, comprometendo-se a declarar seu material nuclear à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
Mas recentemente, deu sinais de uma possível intenção de retirada, acusando a agência da ONU de agir como um “parceiro” de Israel em sua “guerra de agressão”.
A AIEA criticou o Irã pelo descumprimento de suas obrigações em relação a seu programa nuclear um dia antes de Israel lançar sua ofensiva em 13 de junho sob a alegação de que a República Islâmica estava muito perto de fabricar uma bomba atômica.
© Agence France-Presse