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Papa diz que excluir imigrantes é repugnante, em recado a anti-imigração Meloni na Itália

Sem mencionar a Itália, o papa Francisco disse que alguns imigrantes obrigados a voltar para seus países de origem são colocados em campos de concentração

FolhaPress

09/10/2022 18h08

Foto: Getty Images

A poucos dias da provável posse da ultradireitista Giorgia Meloni como nova primeira-ministra da Itália, o papa Francisco defendeu os imigrantes de forma enfática neste domingo (9), ao afirmar que a exclusão de pessoas é algo “escandaloso, repugnante e pecaminoso”.

A declaração do líder da Igreja Católica vai na contramão da retórica adotada por Meloni durante a campanha eleitoral. Ela é líder do Irmãos da Itália, sigla vencedora da eleição no mês passado com bandeira nacionalista e propostas que incluem o bloqueio naval para conter a imigração e contra o que chama de “islamização da Europa”.

As declarações do pontífice neste domingo, portanto, soam como recado a Meloni, que deve assumir o posto de chefe de governo ainda no final deste mês.

“A exclusão dos migrantes é escandalosa. De fato, é criminosa. Faz com que morram na nossa frente”, disse o papa na praça de São Pedro, no Vaticano, durante cerimônia de canonização de Giovanni Battista Scalabrini (1839-1905), que fundou duas congregações que tratavam de imigrantes, e de Artémides Zatti (1880-1951), imigrante italiano que morou na Argentina.

“E hoje o Mediterrâneo é o maior cemitério do mundo”, acrescentou, referindo-se a milhares de pessoas que se afogam tentando chegar à Europa. “A exclusão dos migrantes é repugnante, é pecaminosa. É criminoso não abrir as portas para os necessitados”.

Sem mencionar a Itália, o papa Francisco disse que alguns imigrantes obrigados a voltar para seus países de origem são colocados em “campos de concentração, onde são explorados e tratados como pessoas escravizadas”. No passado, o pontífice disse que isso aconteceu na Líbia.

A Guerra da Ucrânia foi outro assunto comentado pelo papa na cerimônia deste domingo. Ele pediu paz e disse que o mundo precisa aprender com a história, em referência às ameaças do uso de armas nucleares.

O pontífice também orou pelas vítimas do que chamou de ato “louco de violência” na Tailândia, onde um ex-policial invadiu uma creche na quinta (6) e matou 36 pessoas, incluindo 24 crianças, em um dos massacres mais mortais da história do país.

Em relação ao conflito no leste europeu, Meloni defende a linha do demissionário premiê Mario Draghi, condenando a ação russa e apoiando o envio de armas a Kiev.

O Vaticano informou que aproximadamente 50 mil fiéis participaram da missa deste domingo.

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